As declarações do governador Eduardo Pinho Moreira de dificuldades financeiras e que não haverá reposição salarial este ano caíram como um caminhão de água fria sobre servidores da segurança pública. Movimentos de bastidores indicam um grau de insatisfação e não estão descartadas paralisações de serviços essenciais na área.
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O quadro mais delicado envolve policiais militares. A Associação de Praças de SC (Aprasc) afirma que a categoria está há três anos sem reposição salarial. Líderes da entidade não abrem mão de reajuste, pois entendem que outras categorias – como a dos policiais civis – receberam benesses. Somente em perdas de inflação, o reajuste atingiria 13,8%, asseguram.
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– A fala do governo é contraditória, são números fictícios. A categoria está revoltada e ainda não sei qual vai ser o nível de enfrentamento – diz o presidente da Aprasc, Edson Fortuna.
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A Aprasc tem assembléia geral marcada para terça-feira, na SC-401,em Florianópolis. Na segunda-feira, às 14h, participa de reunião no Centro Administrativo.
Seja qual for o caminho, ele exigirá habilidade e diálogo do governo, além de bom senso de ambos os lados. Pinho Moreira tem dito que a segurança é prioridade ao lado da saúde. A situação desoladora das finanças de Santa Catarina não poderia ser em pior momento. Isso porque depois de dois anos com índices recordes de homicídios na Capital e em Joinville, finalmente houve um trimestre alentador: a queda dos assassinatos de janeiro a março foi de quase 20%.
Nas ruas é evidente o efeito da mudança na gestão do comando da secretaria de Segurança e das polícias Civil e Militar com operações rotineiras. Mas as mobilizações de efetivo exigem empenho de recursos. Agora imagine se a polícia cruzar os braços e se aquartelar como o movimento de 2008 em Santa Catarina e recentemente em outros Estados? Na Polícia Civil há queixas de viaturas e computadores velhos e do racionamento de combustível, alerta a Associação dos Delegados de Polícia (Adepol).
No sistema prisional, agentes penitenciários se dizem preocupados com o cumprimento das parcelas de reajustes salariais já firmados – restam três ainda até o ano que vem. A Associação dos Agentes afirma que haverá paralisação se os compromissos não forem honrados.
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Sem recursos, resta saber quando a Secretaria da Justiça e Cidadania colocará em operação a nova penitenciária de segurança máxima, em São Cristóvão do Sul, com 130 vagas e pronta desde junho de 2016. Havia uma disposição de inaugurá-la somente com a criação de gratificações de risco aos agentes que trabalharão na unidade.
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