Sem fórmula mágica, Criciúma, no Sul, experimentou nos últimos dois anos a surpreendente queda no número de assassinatos. Diferentemente de Joinville, Florianópolis e Blumenau, onde a explosão de mortes violentas bateu recorde, a cidade de 211,3 mil habitantes teve a diminuição dos homicídios com ações possíveis de serem realizadas em outras regiões.

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No ano passado, houve em Criciúma 17 mortes contra 32 em 2016 e 56 em 2015. A taxa atual é de oito mortes por grupo de 100 mil. Já em Florianópolis, com 149 homicídios (sem contar os latrocínios e confrontos), a taxa chegou a 30 por grupo de 100 mil, um dado assustador.

Basicamente, a receita criciumense contou com força-tarefa entre as polícias Civil e Militar, a identificação e a prisão dos criminosos considerados “chaves”, a apreensão dos principais adolescentes envolvidos em delitos graves e a intensificação do policiamento ostensivo nas áreas críticas. Uma das operações da PM teve o nome de “mãos fortes”.

Houve ainda a renovação no comando local da Polícia Militar, novas estratégias de atuação e confiança em um delegado operacional na Divisão de Investigação Criminal (DIC), que alcançou incrível índice de 80% na resolubilidade dos crimes – também houve queda nos roubos. Politicamente, foram anos de pressão gigantesca do empresariado local. Na época, o próprio vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) demonstrou descontentamento com o quadro de violência em seu território político.

– Conseguimos mais de 100 câmeras, aumento do efetivo das polícias, doação de drones, o helicóptero, a manutenção das viaturas, promovemos e sediamos diversos encontros com a cúpula do governo. Hoje estamos na situação de uma das cidades mais tranquilas do Estado – diz Moacir Dagostin, presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic).

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Em 2016, após pressão política, o comando da Polícia Civil tirou de Florianópolis e mandou para Criciúma em definitivo o helicóptero e toda a equipe de policiais. Um novo centro de atendimento para adolescentes está em conclusão. Em dezembro, o Sul ganhou 111 novos agentes penitenciários e na terça-feira Criciúma terá a primeira penitenciária feminina com 286 vagas. Vale lembrar que a região é a base eleitoral da secretária da Justiça e Cidadania, Ada De Luca.

Guardadas as proporções de atuação das facções criminosas, por que a maioria das outras grandes cidades catarinenses não consegue sufocar a criminalidade? Em fevereiro, quando assumir o governo, Pinho Moreira deverá anunciar o novo secretário da Segurança. O escolhido terá sem dúvida um dos maiores desafios que a sociedade catarinense espera que vença.

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