Não é uma resposta fácil apontar um único motivo para a queda de 14,9% dos homicídios e de 30,8% dos roubos em Santa Catarina, em 2018. Há um conjunto de ações administrativas e técnicas que atingem a ponta nas ruas.
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Nos bastidores tem sido destacado o gás novo na área com a troca do comando da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e das chefias das polícias Civil e Militar. A renovação trouxe um impacto prático que vem dando certo: a PM intensificou o policiamento com operações e a Polícia Civil as investigações com capturas de lideranças do crime organizado.
Ao assumir a secretaria em fevereiro, o professor e advogado Alceu de Oliveira Pinto Júnior acertou em cheio na escolha do coronel Araújo Gomes para liderar a PM e do delegado Marcos Ghizoni a Civil. Além do espírito de comprometimento público, os dois e o próprio Alceu melhoraram a integração entre as forças e os poderes e a relação com a sociedade.
O governador Eduardo Pinho Moreira foi além ao declarar que “agora na segurança há transparência e ninguém fica sem respostas”. Evidentemente, uma clara alfinetada na gestão passada. Mas como o crime não para, as missões de prevenção devem continuar fortes.
Em meio aos bons resultados, surgem desconfianças se haverá recursos financeiros para manter o policiamento em constante atividade e deslocamento e se a motivação persistirá. Há quem veja também a necessidade de atacar com o mesmo ímpeto pontos fracos em evidência.
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Especialmente as políticas públicas – ou a falta delas – em áreas conflagradas. São bairros como o Monte Cristo, na Via Expressa de Florianópolis, que sofrem com a histórica e dramática vulnerabilidade social. Conflitos entre facções, tiroteios e mortes de jovens são comuns. As prisões se repetem, muitos alvos são reincidentes, a legislação é branda e as cadeias estão lotadas.
Na apresentação dos dados criminais feita ao governador e a jornalistas, a SSP deixou de mostrar as estatísticas sobre mortes em intervenções policiais. Espinhoso, esse ponto requer discussão e atenção imediata, pois tem crescido a letalidade por policiais militares na Capital e pelo Estado.
Em entrevista, o secretário Alceu admitiu o problema como algo a ser aprimorado. Para especialistas, a consequência dos embates é danosa com efeitos no presente e futuro das crianças e adolescentes dessas regiões.
O ciclo no ambiente criminal também deve considerar a importância de olhares humanos para o sistema penitenciário. Ao mesmo tempo, com novos mecanismos de vigilância sem afrouxar a rigidez de regimes para chefes de facções. Vale lembrar que Santa Catarina tem uma penitenciária de segurança máxima pronta há dois anos, mas que está desativada. Ninguém carregará sozinho louros nem ônus.
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