Há um extremo no tráfico de drogas que mantém a pessoa o tempo todo em risco de morte: a ingestão de cápsulas de cocaína no estômago para driblar a fiscalização policial. O elevado perigo à saúde faz essas mulas (como são chamados os transportadores da droga) serem conhecidos como bombas humanas diante da loucura a que se sujeitam.

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Policiais federais afirmam que esses flagrantes normalmente acontecem nos aeroportos internacionais e, via de regra, com estrangeiros, pois brasileiros não costumam ter essa coragem. De modo geral, africanos fazem isso, além de bolivianos, venezuelanos e peruanos.

Na sexta-feira, uma mulher paraguaia de 20 anos foi presa com 100 cápsulas no corpo em Chapecó, no Oeste. Foi em uma operação conjunta denominada de Anatomia entre a Polícia Civil de Chapecó e a Polícia Rodoviária Federal.

A passageira trouxe a droga de Foz do Iguaçu, no Paraná. Primeiro, houve a abordagem do ônibus em que viajava. Nada foi encontrado na revista. Em seguida, a polícia conseguiu identificar o homem que receberia a droga, acompanhou os dois e fez nova abordagem, em Chapecó. Tudo com brevidade, pois havia a real possibilidade de morte caso houvesse vazamento da droga, ressaltaram policiais.

Paraguaia ganharia R$ 1,5 mil pelo transporte de elevado risco

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Foi denúncia anônima dando conta de como ela viria, que iriam pegá-la em Chapecó. Foi encontrado dentro do carro dele (homem preso) um comprovante de estacionamento de Foz do Iguaçu, o que demonstra que realmente foi para lá e também laxante que iria utilizar para forçar ela a expelir a droga. A mulher nos disse que receberia R$ 1,5 mil – relatou o delegado Rodrigo Moura, da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Chapecó.

A jovem afirmou ao delegado que seria universitária no Paraguai, mas a polícia não conseguiu confirmar a informação. Se a bomba estourasse, não há dúvida que poderia sofrer overdose. No hospital, depois de raio-x, a mulher expeliu os invólucros. Foram 12 horas contínuas de procedimento.

Ela e o homem estão presos por tráfico interestadual e associação para o tráfico. O homem ainda responderá por crime de exposição da vida alheia a risco.

As mulas que aceitam esse tipo de tráfico geralmente o fazem por necessidade financeira. A região da tríplice fronteira, na fronteira do Paraguai com o Brasil, em Foz do Iguaçu, seria uma das bases desses traficantes que agem com essa modalidade. Os registros policiais indicam que tal operação não é comum em Santa Catarina.

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