Parece novela repetida. Mas o enredo é real, com medo, violência, tiroteios e apreensão. Tem sido assim neste começo do ano na comunidade Novo Horizonte, dentro do bairro Monte Cristo, parte Continental de Florianópolis, nas margens da Via Expressa (BR-282).
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Na noite de domingo, há relatos de nova tentativa de invasão seguida de tiroteio. Já são ao menos três assassinatos em 2018 no mesmo local. Investigadores e policiais militares ouvidos pela reportagem afirmam que eclodiu novamente o confronto com a vizinha Chico Mendes e há iminente possibilidade de nova chacina na Capital. O receio é que a onda de violência pontual tenha efeito cascata e atinja várias partes da cidade.
A disputa por território do tráfico de drogas e a vingança por mortes seriam os motivos. Criminosos da Novo Horizonte são ligados à facção de São Paulo e os da Chico Mendes ao bando de Santa Catarina.
No sábado pela manhã, traficantes invadiram a Novo Horizonte, mataram um homem e feriram outro e atearam fogo em uma casa. A Polícia Militar esteve no local, além do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
A Novo Horizonte fica ao lado da Via Expressa, na BR-282, saída de Florianópolis. O espaço é conhecido entre policiais como faixa de Gaza por causa dos constantes tiroteios. A lei do silêncio entre a população temerosa de retaliação dificulta apurações sobre as mortes, conforme afirmou um policial.
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Os primeiros dias sangrentos de 2018 indicam que a violência entre gangues inimigas não dá sinais que irá frear. Enfraquecida por seus integrantes terem se espalhado em outros pontos do tráfico na Capital, como a Costeira e norte da Ilha, a Novo Horizonte teria ficado vulnerável e despertado a atenção da facção.
“Arma de guerra de uma guerra diária”, diz uma publicação do Bope em rede social no dia 12 de janeiro após a apreensão de um fuzil no Monte Cristo. A reincidência é outro ponto agravante, pois alguns dos criminosos presos no passado ganharam a liberdade e voltaram a agir.
Por enquanto, a polícia tem agido com ações pontuais. O helicóptero faz seguidas ações de apoio, mas ainda não houve nenhuma grande força-tarefa ou operação para sufocar o controle dos traficantes. No fim de semana, houve prisões e apreensões de arma na Maloca, comunidade no bairro Capoeiras, e na Vila Aparecida.
Medo também no norte da Ilha
A polícia diz que o clima também está tenso no norte da Ilha. Em 2017, a Papaquara e Morro do Mosquito foram palco de execuções e crimes bárbaros.
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– A servidão Ernani Souza está virando cena de horror, com pessoas armadas impondo terror. No fim dessa rua há umas lixeiras e bem frente uma casa que serve de escondeirijo, com entulhos. Socorro! Estamos com medo e precisando de ajuda – relatou uma moradora à reportagem.
O diretor da Polícia Civil na Grande Florianópolis, delegado Verdi Furlanetto, afirmou que os fatos são decorrência da disputa entre as facções criminosas rivais, que a Polícia Civil vem atuando em todas as frentes pelas delegacias DH (homicídios), DECOD (combate às drogas), CICON (investigação no Continente) e DPCAMI (adolescentes envolvidos).
– Além dessas delegacias, a Polícia Militar e a Deic também atuam no combate à criminalidade na região. Toda estrutura da segurança está trabalhando com muita seriedade no caso em questão – garantiu o diretor.