A triste realidade das comunidades conflagradas

Crianças sem aulas, professores e pais amedrontados. O triste reflexo da criminalidade na Vila União, em Florianópolis, é uma cena não rara das comunidades conflagradas pelo crime. Isto aconteceu nos últimos anos com grande intensidade na região do Monte Cristo e Chico Mendes, no Continente, e agora se tornou rotina nas áreas vulneráveis do norte da Ilha, onde o crescimento populacional trouxe também a impiedosa presença do tráfico e das facções criminosas.

As barricadas que impediram o acesso da população, conforme fontes da Segurança, indicam que foi uma tentativa local de evitar a invasão de traficantes rivais que planejam comandar o território. Há casas desocupadas de pessoas que foram presas pela polícia, o que torna um atrativo a mais para os criminosos.

Pois este seria justamente o momento de o Estado e o poder público em geral ocupar de forma definitiva a área. Não apenas com policiais de forma permanente, mas com políticas públicas, levando serviços básicos, oportunidades, capacitações ao mercado de trabalho, bons exemplos, garantia de cidadania, respeito e paz aos moradores.

“Que bom que vocês estão aqui. A gente só quer paz”, eram frases ouvidas por policiais militares esta semana na Vila União. Apesar do receio dos moradores em se aproximar da polícia por causa das imposições intimidadoras do crime – na lei do tráfico isso pode gerar penalidades graves e custar a própria vida –, algumas horas de tranqüilidade foram garantidas durante a presença dos militares.

O clima é ainda mais tenso à noite. Há relatos de toques de recolher, criando ambiente de pavor a quem se arrisca sair de casa. Nesta realidade é desanimador imaginar qual será o futuro destas crianças e adolescentes cercados psicologicamente pelo medo, com poucas perspectivas e ainda recrutados pelo tráfico.

Leia mais:

Violência deixa crianças sem aula em creche da Capital
 

Diogo Vargas: chance de retomar a segurança em SC
 

Diogo Vargas: A violência chegou ao asfalto em Florianópolis