A surpreendente candidatura a deputado federal acabou se transformando oficialmente no principal motivo da saída do secretário César Grubba do comando da Segurança Pública catarinense. Mas, a troca já vinha sendo dada como certa nos bastidores diante do futuro governo de Eduardo Pinho Moreira (PMDB), conforme revelam fontes dos meios policial e do Ministério Público. Tanto pelo fator político quanto pelo momento da área, os longos sete anos a frente do cargo e o clima de despedida que já vinha sendo protagonizado pelo próprio Grubba.

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Isso ficou evidente na inauguração do complexo de Segurança, no dia 8 de agosto do ano passado. Houve discursos de balanço e de agradecimentos a ele pelo governador Raimundo Colombo. Dali em diante começaram a surgir nomes na esfera política e área criminal para substituí-lo, todos ligados a Pinho Moreira.

O que fica claro é que Grubba viveu literalmente dias de céu e inferno na conturbada segurança pública. De 2012 até 2017, foram cinco ondas de atentados nas ruas, sem dúvida os momentos mais críticos, com Santa Catarina aparecendo no cenário nacional em ondas de violência praticamente sem controle. Uma lástima para um Estado até então dado como o mais seguro do Brasil.

Para piorar, em grande parte desses períodos Grubba se manteve numa postura de distância de jornalistas, negando entrevistas ou manifestações e emitindo declarações apenas em notas oficiais. Assim, raramente enfrentou debates ou críticas sobre o avanço da criminalidade justamente em tempos em que a sociedade anseia por respostas e espera transformações.

As crises foram superadas, é verdade, em grandes mobilizações policiais para amenizar as ações das facções criminosas, feitos obtidos com a ajuda do governo federal em duas vezes. A União trouxe a Força Nacional de Segurança e articulou a transferência de dezenas de líderes do crime para presídios federais. Mas, infelizmente, as polícias sempre largaram atrás dos bandidos.

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Os últimos anos também foram marcados por aumento dos índices criminais e da sensação de violência, o que também se verifica no cenário nacional. Santa Catarina teve crescimento das mortes violentas e um quadro de explosão dos assassinatos em Florianópolis e em Joinville, chacinas, execuções em lugares movimentados, tiroteios e assaltos que apavoram cada vez mais a população.

Houve pontos favoráveis como a despolitização da segurança nos primeiros anos na secretaria, a gestão essencialmente técnica, a melhoria das condições dos policiais em comparação a outros Estados e as contratações históricas de efetivo. Houve outros conversos como os pesados investimentos na construção de grandes prédios policiais na Capital e no interior. A própria sede da Segurança, em Florianópolis, chegou a ser considerada um elefante branco – as três torres custaram R$ 89 milhões. E a grande polêmica saiu no ano passado em meio a uma nova onda de violência, com a declaração de que “fazemos segurança para pessoas de bem”.

Agora, na derradeira véspera de troca, as atenções políticas se voltam para quem ocupará a cadeira de número 1 e chefiará o necessário e permanente enfrentamento ao alarmante e voraz ímpeto do crime organizado em Santa Catarina.