Polêmica a medida do comando da Polícia Civil na Grande Florianópolis de suspender o horário de atendimento ao público de algumas delegacias de polícia das 19h às 12h, na Capital. O objetivo é realocar os policiais civis que hoje estariam em plantões registrando BOs (boletins de ocorrência) para que se dediquem exclusivamente à investigação de crimes.

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O diretor da Polícia Civil na Grande Florianópolis, delegado Verdi Furlanetto, apresentou duas propostas nesta manhã na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Participaram alguns integrantes da comunidade e conselhos de segurança em uma conversa e não uma audiência pública de fato.

Atualmente são nove delegacias de área em Florianópolis – sem contar as delegacias especializadas como Homicídios, Roubos e Tráfico de Drogas. Dos dois modelos apresentados, um deles prevê a criação de seis centrais regionais de BOs, considerado mais ponderado e que manteria ao menos uma unidade policial por região aberta 24 horas por dia ao público.

Já o segundo plano estabeleceria apenas três centrais de regionais de BOs num modelo tratado como mais extremado. A promessa é que ainda serão feitos novos encontros para discussões.

O delegado deixou no ar uma questão chave: “O que vocês querem, policiais registrando BOs ou que se triplique a investigação?”.

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Seja qual for a medida tomada, o gerente de negócios e articulação da CDL, Hélio Leite, resumiu bem a sensação da população a partir do que foi apresentado:

– Vejo com preocupação a escassez total de relações humanas da Polícia Civil. Venho a lamentar profundamente que estejamos discutindo a realocação de policiais diante da absoluta falta de efetivo para a solução de crimes – disse aos participantes.

Aos jornalistas, depois, Hélio afirmou ainda não ter a dimensão de como será para a população term uma delegacia fechada para o registro de BO à noite e de manhã. Ele acredita que isso não trará grandes problemas nem desestimulará a pessoa a registrar a queixa.

– O que queremos é que se investiguem os crimes e que o bandido fique na cadeia – enfatizou o representante da CDL.

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“Questão de cultura"

Entre dúvidas e elogios entre os presentes, ficou claro que também será preciso uma mudança de cultura dos próprios policiais. Nos últimos anos, várias delegacias de bairros da Capital ficaram marcadas por atividades burocráticas como registros de BOs ou depoimentos. Com isso, a investigação essencialmente foi deixada de lado ou repassada para as delegacias especializadas.

– Aprovamos bastante a proposta do primeiro modelo com as seis centrais. A gente espera o resultado final, que é a investigação. Mas é preciso educar, informar a população como ficarão os horários e o papel da Polícia Civil – declarou a presidente do Conselho de Segurança da Bacia do Itacorubi, Ana Cláudia Caldas, que também preside a Associação dos Consegs da Capital.

O secretário-adjunto municipal de Segurança, Juninho Mamão, que também é policial civil, afirmou ser favorável a mudança de horários para a evolução da Polícia Civil e da apuração dos delitos.

Hoje, um número baixo de BOs é feito à noite nas delegacias de bairros – menos de 10% –, assinalou o delegado Verdi.

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– Será que vale a pena manter policial de noite para registrar um BO e cuidar de prédio? – indagou Verdi.

A Polícia Civil pretende instalar alarmes e videomonitoramento nas delegacias que ficarão fechadas à noite e de manhã como medida de segurança.

Um outro ponto ressaltado é que o novo processo passará por reavaliações a cada dois meses. Além disso, foi sugerido que delegados participem das reuniões dos Consegs.

As seis delegacias que ficariam com atendimento 24hs ao público:

1a DP – Centro

3a DP – continente (Capoeiras)

6a DP – Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Agronômica)

7a DP – norte da Ilha (Canasvieiras)

10a DP – Lagoa da Conceição (leste da Ilha)

DP do Aeroporto (sul da Ilha)

Fonte: Diretoria de Polícia da Grande Florianópolis.