Ao tomar posse como secretário de Segurança Pública, na tarde de 5 de janeiro de 2011, no calor de um auditório lotado da Acadepol, em Canasvieiras, o promotor César Grubba foi enfático no primeiro discurso: Santa Catarina ocupava as primeiras posições de rankings em segurança no Brasil, mas ainda havia muito a melhorar.

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Grubba se dizia preocupado com os assassinatos de jovens e o tráfico de drogas, prometia reverter um quadro de medo e insegurança que ensaiava se estabelecer e exigiria mais pró-atividade e integração entre as polícias, além da recomposição do efetivo e melhores salários.

Nos sete anos seguintes até estes dias de dezembro, houve um turbilhão de acontecimentos na área. Já nos primeiros dias de trabalho, em 2011, a trágica morte de um turista argentino, no norte da Ilha, assassinado na frente da família ao chegar de viagem, e a inevitável repercussão internacional da violência.

A gestão enfrentou e reagiu a cinco ondas de atentados a ônibus e a unidades policiais, a última entre agosto e setembro deste ano. O quadro atual é de expansão da criminalidade com a escalada dos homicídios em Florianópolis e em Joinville na guerra das facções criminosas. Tiroteios em plena luz do dia em lugares movimentados da Capital como a Avenida Beira-Mar Norte, as comunidades dominadas por traficantes, jovens morrendo e matando de forma cruel tornam inevitáveis as comparações com o Rio de Janeiro.

Embora os contratempos de na maioria das vezes largar atrás do crime, os percalços de um feroz crime organizado buscando se enraizar em um lamentável polo consumidor de drogas, os episódios de violência têm sido superados. Há dias de calmaria e outros de instabilidade geral. Grubba permanece no primeiro escalão como um dos mais valorizados e elogiados pelo governador Raimundo Colombo (PSD).

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É verdade que houve investimentos históricos em efetivo policial e tecnologia, as quantidades de prisões e apreensões de drogas foram recordes, o sistema prisional evoluiu (ainda que longe do ideal) e se constatou melhora nas inteligências das polícias. Autoridades dizem que a polícia catarinense adquiriu “know-how” para agir contra organizações criminosas. Neste enredo, vale ressaltar que por duas vezes o Estado pediu a ajuda do governo federal com a Força Nacional de Segurança e as transferências de chefões do crime para presídios federais.

Às vésperas da temporada de verão, a insegurança do presente e a incerteza do futuro assombram os catarinenses. Há pontos fracos que continuam desalinhados como a falta de políticas públicas, a pouca integração entre as polícias Militar e Civil e a facilidade de comunicação dos chefes de facções no cárcere. Uma outra queixa de bastidores entre policiais e promotores é que ainda não se vê mobilização à altura contra os homicídios. Citam organismos de peso que poderiam contribuir mais como o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público e a própria Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).

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