Número 2 da Polícia Federal, o delegado Eugênio Ricas e todos os presentes à tarde, na solenidade de posse da nova superintendente de SC, Paula Morales, em Florianópolis, não sabiam da queda do diretor-geral, Fernando Segovia – a demissão só foi comunicada em Brasília no final da tarde.
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Diretor de investigação e combate ao crime organizado, o delegado Ricas representou o diretor-geral. Em seu discurso, disse que Segovia estava com a passagem comprada para a Capital catarinense, mas que havia sido convocado pelo ministro Raul Jungmann para reunião de trabalho e por isso pediu que fosse em seu lugar.
Ao final, Ricas conversou com o DC no auditório da PF sobre temas como a Operação Lava-Jato, a criminalidade crescente em Santa Catarina e as ações necessárias em segurança pública. Confira:
Entrevista: Eugênio Ricas, diretor de combate ao crime organizado da PF
O senhor disse no discurso que a Operação Lava Jato será alavancada. Como será?
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Eles fizeram um plano de trabalho solicitando mais efetivo para analisar material que está sendo periciado, fazer diligências e isso está sendo atendido pela direção-geral. O combate à corrupção é nossa prioridade e a Operação Lava Jato é um marco na história do Brasil e não podia ser diferente com ela. É isso que estamos fazendo.
Há uma informação que a PF pretende encerrar todos os inquéritos da Lava Jato até o fim do ano. Procede?
Não procede. Na verdade em alguns inquéritos que tramitam no grupo de investigações especiais – que investiga fatos praticados por pessoas com prerrogativa de foro em inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal – foi feito um plano de trabalho para que sejam concluídos até outubro. Isso aí obviamente sem comprometer a qualidade das investigações. Mas isso não tem relação direta com a Lava Jato. Nós temos 273 inquéritos no grupo, desses 124 são Lava Jato. A Lavo Jato continua, tivemos no Paraná semana passada deflagrada a 48ª fase, em SP, no Rio de Janeiro. Então não há essa vontade de concluir a Lava Jato até o fim do ano.
Santa Catarina tem ataques, facções. Como a PF está avaliando o Estado?
Temos que trabalhar de forma integrada. Desde dezembro do ano passado começamos a fazer no Rio de Janeiro a operação União Rio e mesmo antes de se falar em intervenção já tínhamos esse desenho. Vão ser 30 policiais federais que vão atuar exclusivamente com inteligência e ação judiciária no Rio e o diferencial é que vamos trabalhar no esquema de força-tarefa. Numa mesma sala vão trabalhar policiais federais, civis, militares e militares das forças armadas.
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SC pode receber esse tipo de operação da PF?
Nós temos operação semelhante no Ceará para apurar a atuação de grupos de extermínio e eventualmente sendo necessário aqui a gente pode estruturar aqui também. Independentemente da operação, a doutora Paula que tomou a posse hoje já tem a orientação de que os caminhos para vencer a criminalidade organizada são trabalhar sobre o regime de força-tarefa. Essa palavra integração tem que sair do discurso dos gestores e passar a ser palavra prática, trabalhar em conjunto e trocar informações.
Há um temor em Florianópolis de virar um Rio de Janeiro no futuro. O que acha disso?
É preciso investimento, não só em segurança pública, mas em políticas sociais para os jovens não optarem para a vida do crime, além de tecnologia, ciência e integração.
Sobre a Operação Ouvidos Moucos, por que ainda não foi enviada à Justiça?
Eu não falo sobre operação específica e que ainda está em andamento.