Há uma novela que facilita o avanço da criminalidade em Santa Catarina: a presença de celulares em presídios e penitenciárias. Esta semana, a Deic voltou a atacar o crime organizado na Operação Norte Seguro e, surpreendentemente, divulgou que o crime praticado nas ruas, como homicídios, roubos e invasões do tráfico era planejado por pessoas que já estavam trancafiadas. Ou seja, nas barbas do Estado os delitos seguiam sendo tramados em pleno vapor.

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Na sexta-feira, a polícia atualizou as apreensões e divulgou que ao todo foram apreendidos 26 celulares na Penitenciária Industrial de Joinville. Das 80 prisões decretadas contra a facção de São Paulo, 55 delas eram de integrantes que já estavam em prisões catarinenses, de São Paulo e do Paraná.

É mesmo uma novela repetida. No ano passado, em inquérito da Deic que resultou em 112 prisões decretadas, a maioria foi grampeada pela polícia agindo das celas com comparsas das ruas ou presidiários de outros Estados. “Linhas vermelhas” estampou a manchete de reportagem do DC sobre as conferências realizadas do cárcere pelo bando.

Com 20 mil detentos, as cerca de 40 unidades prisionais catarinenses não dispõem dos bloqueadores de sinal. No passado, o Estado teve os equipamentos, alguns adquiridos e outros locados. Em Joinville, a penitenciária contou por oito anos com um bloqueador comprado por R$ 80 mil. O aparelho ficou obsoleto e foi desativado. Já os locados, houve suspeita de superfaturamento nos valores e acabaram sendo retirados.

A Secretaria da Justiça e Cidadania comprou escâneres corporais. São 12 apenas. Mesmo assim, seguem entrando telefones nas cadeias. O secretário Leandro Lima, que esta semana assumiu definitivamente a pasta, garantiu empenho em reforçar treinamento de servidores, prevê mais compras de escâneres e disse que o Estado aguarda a aprovação de uma lei federal que obrigará as operadoras a cortarem o sinal nos cárceres.

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Há outras suspeitas de facilitação como corrupção de funcionários e visitas. Em 2017, entraram para visitação de presos em Santa Catarina 489.549 pessoas, uma quantia e tanto. Sem contar agora as artimanhas de criminosos para levar os aparelhos para dentro dos muros como drones e até flechas como se constatou na penitenciária de Blumenau.

O juiz corregedor de Joinville, João Marcos Buch, acompanha de perto nos últimos anos o impasse e garante: é fundamental que o Estado estanque imediatamente os celulares das cadeias para segurança da população, dos servidores e da própria massa carcerária.