Em Caçadores de Emoção, filme norte-americano dos anos 1990, o agente do FBI interpretado por Keanu Reeves se infiltra em uma quadrilha de assaltantes de bancos. Ele passa a conviver com os criminosos, uma gangue formada por surfistas que usavam máscaras de ex-presidentes dos Estados Unidos nos roubos.
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O longa-metragem de sucesso no cinema pode ilustrar bem uma das primeiras medidas antecipadas pelo futuro ministro da Justiça, o juiz federal Sérgio Moro: a infiltração a fundo de policiais em organizações criminosas para investigações complexas.
Expectativa entre federais
Ela já existe como meio de prova na lei 12.850, com preservação da identidade do agente e a possibilidade de responsabilização do policial se houver “excessos”. O texto atual é visto como superficial e até intimidador por não aprofundar os tipos de infiltrações autorizadas e os crimes isentos.
O juiz da Lava Jato causou expectativa, principalmente entre policiais federais, por anunciar que pretende criar outra legislação a respeito. Os indícios são de que o novo instrumento legal possa propiciar que policiais mergulhem na logística e operacionalidade do crime organizado e seus envolvidos.
Ações controladas
Hoje, o que é feito são as ações controladas autorizadas pela Justiça. Por exemplo, quando o policial aguarda o crime acontecer, fica assistindo a passagem de um carregamento de droga na BR. Ele deixa passar, chegar ao destinatário até achar o melhor momento para prender todos os envolvidos.
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Pela expectativa criada por Moro, o agente poderá de fato fazer parte da quadrilha e ter garantido em lei com minúcias as isenções dos crimes.
"Confiança"
– Deverá trabalhar infiltrado mesmo, às vezes vai cometer crime, entregar uma droga. Claro que não é admitido matar alguém. Mas daqui a pouco, para ganhar confiança da organização criminosa, leva uma droga para outro país, entrega propina a um político – diz com entusiasmo uma fonte da Polícia Federal.
A previsão derrubaria também a tese do chamado “flagrante armado”, argumento comumente utilizado como defesa por acusados de ilícitos. O curioso na novidade lançada por Moro é porque não foi pensada antes, já que seria muito usada em legislações estrangeiras. Há quem entenda que faltou vontade política.
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Escritório do crime é como pode ser chamado o movimento do tráfico de drogas no Morro da Caixa, em Florianópolis, estourado mais uma vez pela Deic.
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Criminosos usavam até uma cadeira de rodinhas em plena viela para atuar no dia a dia. Situado a poucos metros da Secretaria de Segurança Pública, no Continente, o ponto era frequentado por adolescentes, adultos, homens, mulheres e idosos.