Desembargadores, juízes, policiais e secretários de Estado estão em um grupo de WhatsApp. Resolver questões do sistema prisional, prisões, falta de vagas, para onde levar detentos, o que fazer em impasses que surgem de noite e em horários fora do expediente, são alguns dos objetivos da conversação online.
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O desembargador Leopoldo Brugemann é um dos participantes. Diz o secretário da Justiça e Cidadania, Leandro Lima, que Brugemann costuma interagir bastante, sendo um dos mais comunicativos. Até mesmo em horários tardios, escreve mensagens e toma decisões, sempre conectado aos acontecimentos.
O engajamento pela rede social é apenas um exemplo do que parece ser uma virada de página da participação de todos os sistemas na união contra o crime. Afinal, não adianta apenas criticar ou deixar nas mãos da polícia. É preciso também puxar a responsabilidade, participar e acrescentar em uma das maiores preocupações globais atualmente, que é o crescimento da violência.
O seminário de integração realizado pelo Tribunal de Justiça de SC, na quinta-feira, ganhou elogios. Juízes, policiais civis e militares, promotores, defensores, advogados e jornalistas acompanharam. Com seu estilo calmo e diplomático, o desembargador Rodrigo Collaço, presidente do TJ-SC, conseguiu transmitir um propósito além do debate teórico.
Collaço prometeu recursos impactantes para a segurança pública por meio das transações penais, garantiu que a corregedoria atuará nos processos que esbarram construções de cadeias e revisará as interdições de unidades prisionais por juízes tão questionadas pelo Estado.
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Outro ponto importante é a análise de processos penais que pode abrir 2,4 mil novas vagas, concedendo direitos adquiridos pelos detentos em livramentos ou progressões de regime. Houve ainda a criação de varas importantes como a do Júri em Joinville e a do crime organizado da Capital, esta que nunca teve um juiz titular.
Para ampliar o horizonte, Collaço anunciou que trará no dia 25 de junho a Santa Catarina o juiz Sérgio Moro e o ministro do STF Luís Barroso. Em pauta: crime organizado e o papel da justiça. O evento da Escola Superior da Magistratura de SC (Esmesc), com vagas limitadas, promete ser um dos mais concorridos dos últimos anos.
A força conjunta do Judiciário e o espírito de união com a segurança ainda enfrentarão obstáculos. Tem a questão dos adolescentes, um sistema socioeducativo capenga, cheio de limitações, o imbróglio entre prefeituras que não aceitam receber novos presídios, as áreas conflagradas e relegadas aos investimentos sociais e de infraestrutura. Enfim, passou da hora de abafar as ameaças que beiram um dos Estados – ainda – menos violentos do Brasil.