Da teoria para a prática. Dos bancos acadêmicos ao conturbado e real cenário da criminalidade em crescimento. É mais ou menos assim que o meio policial está vendo nos bastidores o anúncio do professor e advogado criminalista Alceu de Oliveira Pinto Júnior como o novo secretário de Segurança Pública, em Santa Catarina.

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Não há como negar: o vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) surpreendeu com a escolha, fugindo de uma opção “linha dura” ou por representante das polícias, Ministério Público ou Judiciário. Alceu não figurava entre cogitados nem cotados para a função, conforme se especulava nas últimas semanas.

Se Pinho Moreira acertou ou errou, apenas o tempo dirá e ele é curto: menos de 10 meses até o fim do ano. Em uma análise macro, o nome vai de encontro com a tendência em termos nacionais de que a segurança pública não é só caso de polícia, vai além, e requer ações de políticas públicas.

Estudioso e doutor em ciência jurídica, Alceu foi nos últimos anos um dos principais avaliadores e críticos da segurança e das polícias Civil e Militar. Como especialista, o professor costumava ser requisitado pela imprensa a opinar e a dar pontos de vista sobre fatos criminais, legislações, crises e ações de governo. Por isso, também recebia críticas de frentes da própria segurança.

Extremamente habilidoso em comunicação, próximo de jornalistas e atento ao cenário, Alceu agora estará do outro lado. Não como um exímio especialista e sim com a tarefa de liderar e gerir o enfrentamento à criminalidade em avanço no Estado.

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As dificuldades serão grandes. Uma delas, já no início, a de conhecer a estrutura interna e como funciona a parte de administração da segurança. Para isso, será fundamental a escolha de equipe de sua total confiança, dizem interlocutores que tiveram ou ainda tem conhecimento de causa na área.

Outro ponto importante e talvez o mais desafiador é como se comportará diante de temas polêmicos como as ações policiais que acabam com mortes de suspeitos – a letalidade policial tem crescido em Santa Catarina.

Logo nas primeiras horas após o nome ser anunciado surgiram manifestações internas em redes sociais de policiais militares. Eram lembranças de artigos em que Alceu defende ao máximo, por exemplo, o uso progressivo da força e questiona as operações como tropas de combate que terminam com mortes.