O novo comando da segurança pública e das polícias largou com intenso ímpeto contra o crime organizado. Nos primeiros dias, houve prisões de assaltantes e traficantes, armas e drogas foram apreendidas. Também se registrou a morte de dois suspeitos em confrontos.
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Fatalmente, houve retaliação, ataques e medo nas ruas de Florianópolis. Se age e sufoca o crime, bandidos devolvem com incêndios a veículos e tiros contra prédios públicos. Um típico e temeroso quadro de que toda ação tem uma reação.
O histórico das ondas de atentados nas ruas do Estado a partir de 2012 mostra que isso já aconteceu. Agressões nas cadeias, transferências de líderes, prisões, apreensões de drogas, mortes em confrontos. Todas essas foram situações que geraram delitos orquestrados para aterrorizar a população no passado recente.
Mas então a polícia deve recuar para que a bandidagem deixe de atacar? A pergunta desafia o novo secretário de Segurança Pública, o professor Alceu de Oliveira Pinto Júnior. É óbvio que as polícias não vão e não devem parar de agir, pois a condição da explosão dos homicídios não permite recuo e ameaça tirar a tranquilidade dos catarinenses.
Os criminosos estão cada vez mais armados. Há fuzis e metralhadoras nas mãos de jovens em Florianópolis, conforme se demonstra nas apreensões da Polícia Militar. Houve assaltos violentos em shoppings, supermercados e joalherias, dezenas de execuções e intenso conflito por território do tráfico, impondo clima de terror nas comunidades.
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Outro detalhe preocupante: a nitroglicerina gerada com a baixa de suspeitos. Desde o começo do ano, foram oito mortes em confrontos com a polícia na Capital. Em 2017, morreram no embate com policiais em todo o Estado 70 suspeitos — o número é crescente na comparação com anos anteriores.
Antes de ser nomeado secretário, o professor Alceu exercia um papel de especialista em criminologia e por vezes também avaliava o resultado das operações que acabavam em mortes.
Hoje, como titular da Segurança, um movimento de bastidores o considera em uma situação de encruzilhada. Alceu tem afirmado que a ordem é intensificar a inteligência policial para evitar baixas de qualquer lado.
Aí entra um ponto importante e historicamente complexo: fazer as polícias Militar e Civil interagirem e se integrarem. Na Capital, a sociedade vê operações em separado e as forças tocando apurações cada uma em seu quintal.
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Assim, ainda não se chegou ao patamar desejado de prisões e desarticulações dos chefões do crime organizado. Conforme apurações, a maioria que comanda delitos nas ruas já estaria trancafiada, mas mesmo assim permaneceria se comunicando e ordenando delitos graves.
Isso não é regra apenas em Santa Catarina e sim dos meandros das facções pelo Brasil. Enquanto não houver planejamento conjunto, incluindo o sistema prisional, dificilmente haverá tranqüilidade ou soluções tranquilizadoras.