Quer fugir de um congestionamento no fim da tarde em Criciúma? Passe longe da rótula na qual se encontram as ruas Desembargador Pedro Silva e Imigrantes Poloneses, a Rodovia Luiz Rosso e a Avenida Santos Dumont, no limite dos bairros Comerciário, Michel e São Luiz.
Continua depois da publicidade
> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp
– Aqui é trânsito pesado todo dia – confirma o empresário João Darolt, proprietário de um posto de combustível que há mais de 30 anos opera nesse cruzamento. A explicação é simples: a Luiz Rosso é o acesso ao Centro de Criciúma para quem entra na cidade via BR-101. Imigrantes Poloneses e Santos Dumont fazem um troncal entre as zonas norte e sul da cidade, enquanto a Desembargador Pedro Silva, em mão única no sentido bairro, faz escoar nessa região todo o trânsito oriundo da área central.
Obras de 17 milhões de dólares
Para resolver o problema e desenvolver essa parte de Criciúma, a prefeitura fez uma grande captação de recursos junto ao Banco de Desenvovimento da Bacia do Prata (Fonplata). Trata-se de um aporte de 17,2 milhões de dólares, negociado desde 2015 e formalizado em fevereiro de 2020. Está em execução a primeira etapa do chamado binário da Avenida Santos Dumont, orçado em R$ 32 milhões.
Na segunda etapa, de R$ 14,3 milhões, consta a construção de um elevado sobre a atual rótula onde ocorrem os congestionamentos, que deixará de existir, e uma trincheira pela Rua Carlos Sampaio, sob a Rodovia Luiz Rosso. Acontece que, para execução dessa etapa, são necessárias algumas desapropriações que estão gerando desentendimentos.
Continua depois da publicidade
> Moisés no Sul: a melhor notícia vem de onde ele não foi
– Nós, comerciantes aqui dessa região, estamos aguardando que nos chamem. Já olhamos o projeto, sabemos como vai ficar aqui, mas não temos notícia do cronograma de obras ainda – observa João Darolt. O posto dele não consta nas desapropriações, mas será diretamente impactado pelo elevado, já que o trânsito da Imigrantes Poloneses em direção à Santos Dumont, hoje em dois sentidos, terá apenas um, no sentido norte-sul. – Claro que durante a obra, quando chegar aqui, teremos impacto. Mas depois, penso que também vai ser complicado. Hoje tenho quatro vias que chegam no posto, no futuro serão duas. Vamos perder pelo menos metade do movimento – projeta o empresário.
Licitação do elevado perto do resultado
A prefeitura de Criciúma anuncia para o próximo dia 29 a abertura dos envelopes da licitação para se apontar a empresa ganhadora para execução das obras do elevado e da trincheira.
– No dia 29 vamos saber quem será contratado, depois haverá o prazo para recursos, imaginamos que no fim de agosto, se tudo der certo, será possível entregar a ordem de serviço para o começo dessas obras – destaca o secretário municipal de Infraestrutura, Planejamento e Mobilidade Urbana, Tita Belloli.
Continua depois da publicidade
Uma família foi à Justiça
O empresário João Darolt se livrou, mas cinco terrenos próximos, na esquina da Luiz Rosso com a Imigrantes Poloneses, serão desapropriados, três totalmente e dois parcialmente. – Não somos contra a obra. Sabemos a importância desse binário. Não concordamos é com os termos da desapropriação. Os valores estão muito abaixo do mercado – reclama um dos envolvidos, que preferiu não se identificar e é filho de um dos atingidos pelo processo.
A família foi à Justiça em busca de uma revisão nos valores. – A avaliação da prefeitura foi muito baixa, já procurei o prefeito para reclamar. Não levaram em conta as benfeitorias e trata-se de uma área importante da cidade, de grande fluxo comercial. Eu tenho imóvel alugado ali faz 20 anos e sempre pagamos todos os impostos – pondera.
O reclamante alega que a determinação judicial é para que a área seja esvaziada até 15 de agosto. – Depois, vão colocar as máquinas e demolir tudo – diz. Ele aponta que o montante das desapropriações foi cotado em R$ 2,5 milhões, incluindo os cinco terrenos atingidos, conforme aprovação pela Câmara de Vereadores.
Outra preocupação dele, que moveu a ação, e dos demais que deverão deixar o local em pouco mais de um mês, diz respeito ao prazo para pagamento das indenizações. – Da parte da prefeitura está tudo encaminhado, tudo certo, com o aval da Justiça, vamos executar as próximas etapas e também a obra – responde o secretário Tita.
Continua depois da publicidade
O resto da obra
A primeira etapa do binário está em execução. Ela consiste em pavimentação da Avenida Santos Dumont e da Rua Carlos Sampaio, que são as alças do binário, além da Rua Fioravante Benedet, que fará uma das pistas finais do novo sistema. Houve também a execução de um canal auxiliar para a rede de esgoto, que está em sua etapa final, e em breve começam a ser feitas as calçadas e a ciclovia.
– Essa primeira etapa esperamos entregar na segunda quinzena de 2022, quando já estarão em execução o elevado e a trincheira – destaca o secretário. O encontro da Santos Dumont com a Avenida Centenário, outro ponto de grande fluxo e que ganharia um outro elevado, será mantida como é atualmente.
Haverá uma segunda captação junto ao banco de fomento, o Fonplata 2, pelo qual Criciúma buscará mais 31 milhões de dólares, com contrapartida de 6 milhões de dólares da prefeitura, para execução de outras obras viárias. Nessa nova etapa, serão feitas a extensão do binário da Santos Dumont pelas ruas Imigrantes Poloneses e Miguel Patrício de Souza, em direção à Via Rápida, além de alargamento de outras vias, ampliação da malha de ciclovias, regulação dos semáforos e construção de novos parques em Criciúma. Esse contrato deve ser assinado em outubro.
Leia também:
> Em Criciúma, uma força-tarefa para demolir imóveis abandonados