Justiça. Foi o que mais se pediu nas redes sociais dos familiares da sargento Regiane Terezinha Miranda, exatamente um ano depois do crime que tirou a vida da policial militar de 37 anos e extremamente bem quista em Forquilhinha, no Sul de Santa Catarina.
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O feminicídio aconteceu na manhã de 13 de julho de 2020 na residência da vítima, no Bairro Vila Lourdes. – Basta! Queremos justiça! – postou o Coletivo de mulheres 8M. Elas chamam a atenção para a falta de solução do caso, mesmo tanto tempo depois e com tamanhas evidências. – Um ano se passou e o inquérito sobre feminicídio ainda não foi concluído – completaram as ativistas.
Pelo que foi apurado na ocasião do crime, o ex-marido de Regiane, insatisfeito pelo fim do relacionamento, invadiu a residência, discutiu com a sargento na garagem e disparou contra ela. Depois, tirou a própria vida. Os dois filhos, de 3 e 7 anos, fugiram para a casa vizinha, onde residia o irmão de Regiane.

O ex-marido de Regiane e autor dos disparos havia feito parte da Polícia Militar até 2004, quando deixou a corporação para exercer um cargo público no Rio Grande do Sul.
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Ela era da Patrulha Maria da Penha
Regiane personificava a luta contra a violência que tem as mulheres como vítimas. Ela atuava na Patrulha Maria da Penha, braço da Polícia Militar que acompanha mulheres que vivem em situação de violência doméstica e familiar. A sargento notabilizou-se, também, por forte atuação junto ao Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).
Em respeito à trajetória da sargento Regiane, a turma de formação de sargentos da Polícia Militar em Santa Catarina no ano passado levou o nome dela. Abaixo, o conteúdo da homenagem:
Toda turma que encerra a sua trajetória de ensino escolhe um nome que a identifique. Esta turma que ora se forma escolheu homenagear a 3º Sargento Regiane Terezinha Miranda.
A sargento Regiane ingressou na PMSC em 22/04/2004. Destacou-se no proerd, atuando por anos no referido programa, formando milhares de crianças nas cinco cidades pertencentes ao 9°BPM. Atuou também na Rede Catarina de Forquilhinha, participando da implementação do programa e atendendo as protegidas; Atuou na rede comercial, sempre prestativa e atenciosa com os comerciantes, fazendo amigos por todos os locais que passava. Por último, devido à pandemia de Covid-19, estava desempenhando suas atividades na guarnição radiopatrulha. Ao sair de serviço num turno de 24 horas, foi assassinada pelo ex-marido. A sargento deixou dois filhos, um de 7 e outro de 3 anos.
O Comando-Geral da Polícia Militar e os formandos agradecem aos familiares da 3º sargento Regiane Teresinha Miranda, que prontamente acolheram o pedido, emprestando aos sargentos que ora se formam, o nome da turma.
As lembranças de familiares
Duas sobrinhas de Regiane fizeram, nesta terça-feira (13), postagens em redes sociais com lembranças relacionadas à tia e pedidos de justiça. Em uma delas, Naiane Miranda mencionou a sargento como uma “pessoa que levava alegria por todo lugar que passava”.
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Outra sobrinha de Regiane, Karla Paris, também contou, via rede social, algumas passagens com a saudosa tia.
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Um relato minucioso sobre o crime
O Portal Catarinas, que faz acompanhamento de questões de gênero em Santa Catarina, lançou reportagem especial em outubro do ano passado na qual contou detalhes dos últimos dias de Regiane, antes do crime. No levantamento, consta uma frase da PM dita à sobrinha Karla Paris em abril de 2020. Ela compartilhava dificuldades do relacionamento e a decisão pelo divórcio. – Tu acha que eu vou ser uma pessoa muito ruim se pedir para ele sair de casa? – indagou Regiane à sobrinha.
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O casamento havia completado 16 anos. Regiane era natural de Criciúma e filha de uma família de oito irmãos. Ela conheceu o ex-marido na PM. Era apaixonada pelos filhos e fazia tudo por eles. Tanto que, na época do crime, cerca de um mês antes do aniversário das crianças, a festa já tinha tema definido. – O tema ia ser de dinossauros – disse a sobrinha à reportagem, em outubro. O desejo da festa temática foi realizado.
Particularidades sobre o comportamento do ex-marido de Regiane também foram narrados na reportagem. Ele era lembrado como um sujeito frio e calado. Não havia relatos de violência física entre ele e a esposa, mas os familiares da vítima garantiam que havia sim violência psicológica.
A sobrinha relatou, também, que após tomar coragem e pedir a separação, começou a cuidar mais da própria aparência. No dia do feminicídio, Regiane, que estava há 15 dias de completar 38 anos, havia deixado mais um plantão na PM e partia para a atividade física rotineira na academia quando recebeu uma ligação do ex-marido. Ele disse que estava na casa dela com os filhos, e que um deles estaria com febre, o que fez Regiane mudar os planos. Ela seguiu para casa. O homem, conforme a sobrinha da vítima contou à reportagem do Portal Catarinas, pegou a arma da ex-mulher, trancou as crianças na casa e aguardou Regiane na garagem, onde entraram em luta corporal antes de ocorrerem os disparos.

Ao ouvirem os tiros, os filhos pularam a janela, viram os pais mortos e, então, acionaram a PM e se deslocaram para a casa do tio. Conforme familiares, as crianças ainda contam o ocorrido naquele dia e, hoje, passam por acompanhamento psicológico.
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