Em 2020, a correria foi grande nos partidos políticos Brasil afora para formar as nominatas completas, sem coligar, e tentar eleger vereadores. Os deputados federais não vão encarar o mesmo desafio. Diante da forte pressão, a Câmara promoveu o troca-troca: abriu mão do polêmico Distritão e ganhou a volta das coligações proporcionais.
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Na votação da PEC da reforma eleitoral, na noite desta quarta-feira (11), houve a aprovação da volta das coligações nas eleições para deputados e vereadores a partir de 2022. Foram 333 votos favoráveis e 149 contrários. Haverá nesta quinta (12) a votação de mais destaques da PEC, depois o segundo turno ainda na Câmara e, posteriormente, a matéria precisará ser aprovada no Senado.
A leitura é de que os senadores derrubarão a volta das coligações proporcionais. Mas não será surpresa se algo diferente acontecer no meio do caminho. Para ter efeito pleno na eleição do ano que vem, a PEC precisa estar aprovada e incorporada à Constituição até outubro.
Bancada catarinense se dividiu
Entre os deputados de Santa Catarina, 8 foram favoráveis à volta das coligações proporcionais e 7 contrários. Entre os que votaram sim, a deputada Geovania de Sá, que é presidente do PSDB catarinense. Além dela, se colocaram a favor os deputados Carlos Chiodini (MDB), Caroline de Toni (PSL), Celso Maldaner (MDB), Coronel Armando (PSL), Fábio Schiochet (PSL), Hélio Costa (Republicanos) e Pedro Uczai (PT).
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Dos 7 contrários, 2 são do Sul: Daniel Freitas (PSL) e Ricardo Guidi (PSD). Os demais que votaram não foram Angela Amin (PP), Carmen Zanotto (Cidadania), Gilson Marques (Novo), Rodrigo Coelho (PSB) e Rogério Peninha (MDB). O deputado Darci de Mattos (PSD) não compareceu.
2018: três partidos elegeram sem coligar
O partido que elegeu a maior bancada federal catarinense em 2018 não estava coligado. O PSL concorreu sozinho e conquistou cadeiras com os deputados Daniel Freitas, Caroline de Toni, Fábio Schiochet e Coronel Armando. Ficaram na suplência Rui Godinho, Carlos Felipe e Edupércio Pratts.
Também concorreu sem coligar o PT, que elegeu o deputado Pedro Uczai que tem os suplentes Ana Paula Lima, Dirceu Dresch e Cláudio Vignatti, hoje no PSB.
O Novo, também sozinho, elegeu Gilson Marques e fez suplentes Leandro Gonçalves, Paulo Scharf e Adriana Dornelles.
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Sete partidos elegeram deputados coligando
Os demais 10 deputados foram eleitos em coligações em 2018. O MDB esteve aliado ao PR, atual PL, e fez três cadeiras (Carlos Chiodini, Celso Maldaner e Rogério Peninha). São suplentes Valdir Colatto (MDB), Jorge Goetten (PR, hoje PL) e Ronaldo Benedet (MDB).
A coligação PSD, PP e PV elegeu três deputados (Angela Amin, Darci de Mattos e Ricardo Guidi). Nilson Stainsack (PP) ficou como primeiro suplente, César Souza Júnior (PSD) é o segundo e Hugo Biehl (PP) o terceiro.
Sete partidos formaram a coligação que elegeu Hélio Costa e Rodrigo Coelho: PRB (hoje Republicanos), PDT, PSC, DEM, PSB, PCdoB e Solidariedade. Os suplentes são Jaime Evaristo (PSC), Osvaldo Mafra (SD) e Ângela Albino (PCdoB).

A coligação de PSDB, PPS (hoje Cidadania), PTB e DC elegeu as deputadas Geovania de Sá e Carmen Zanotto. As suplências cabem aos tucanos Norma Pereira, Beto Cunha e Marco Wanrowsky. O primeiro suplente era o ex-deputado Marco Tebaldi, falecido em 2019.
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De Criciúma, exemplo do impacto nas Câmaras
Os vereadores acabaram servindo de cobaias para o teste das urnas sem composições proporcionais. Em 2020, houve um esperado fortalecimento de legendas melhor estruturadas que, via de regra, conseguiram organizar nominatas mais fortes. Mas houve espaço para os novos também, por dois fatores: a apurada composição interna das siglas ou então a atuação de novatos em partidos que se fizeram capazes de alcançar quociente eleitoral.
Tomemos o exemplo de Criciúma. Sem as coligações, o PSDB, maior partido da cidade, puxado pelo prefeito Clésio Salvaro, elegeu seis dos 17 vereadores: Roseli Pizzolo, Arleu da Silveira, Nicola Martins, Márcio Darós, Geovana Zanette e Toninho da Imbralit. Por pouco não alcançou legenda para o sétimo. Em 2016, o PSDB esteve coligado com DEM, PV e SD, elegendo cinco. Logo, isolado melhorou seu desempenho em quatro anos.
Um partido seriamente abatido pela ausência das coligações proporcionais na cidade foi o MDB, que já foi majoritário no Legislativo local e que, em 2020, elegeu apenas um vereador (Paulo Ferrarezi), bancada semelhante à dos pequenos (em nível municipal) DEM e Avante, que também conquistaram uma cadeira cada, com Manoel Rozeng e Obadias Benones, respectivamente. Em 2016, coligado com o PP, o MDB elegeu quatro vereadores.
PT: duas eleições sem eleger
Pela segunda eleição consecutiva, o PT não conseguiu eleger vereador em Criciúma, algo que uma composição proporcional poderia ter resolvido. Em 2016, em chapa pura, o PT teve um dos candidatos mais votados da cidade (Carlos de Cordes, 2 mil votos) mas faltou legenda.
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Ainda nas esquerdas, o PCdoB conseguiu eleger uma (Giovana Mondardo) e o PDT outro (Zairo Casagrande) em 2020. Exemplos de partidos que se fortaleceram, pois não haviam eleito ninguém quatro anos antes. Houve caso de vereador que deixou partido pequeno (Jair Alexandre, PSC) para se abrigar em sigla maior (PL) e conseguir a reeleição, com sucesso. Em 2016, Jair elegeu-se em uma coligação do PSC justamente com o PDT e o PCdoB. O PL saiu do zero para uma cadeira, e quase fez o segundo no ano passado.

PSD e PP, que alcançaram resultados melhores em outras ocasiões, coligando, tiveram dificuldades para eleger em 2020: dois pessedistas (Juarez de Jesus e Salésio Lima) e um progressista (Miri Dagostim). Aliado ao MDB em 2016, o PP havia eleito dois vereadores, um deles o atual deputado federal Daniel Freitas. Já o PSD havia, no pleito anterior, coligado com o PSB, elegendo três. Os socialistas conquistaram uma cadeira na ocasião, ficando sem bancada no pleito do ano passado.
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O Republicanos perdeu sua cadeira por falta de votos na legenda, enquanto na disputa anterior havia eleito um vereador (Aldinei Potelecki) como parte de uma aliança com outras oito legendas. O PSL, que minúsculo em 2016 havia sido um dos integrantes da coligação do Republicanos, montou sua nominata na eleição de 2020 e elegeu Daniel Antunes e Júlio Kaminski.
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