A greve dos trabalhadores das minas de carvão ingressa no terceiro dia nesta quarta-feira (9) no Sul de Santa Catarina. Deflagrado à 0h de segunda-feira (7), o movimento paralisa as atividades de 2,6 mil trabalhadores em seis mineradoras que operam em Siderópolis, Treviso, Urussanga, Içara e Lauro Müller. Não há riscos, até o momento, de desabastecimento no Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, que produz energia elétrica a partir do carvão produzido na região de Criciúma.

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– A greve continua, e a adesão está em 100% – garante o presidente do Sindicato dos Mineiros de Criciúma, Djonatan Elias, o Pirigueti. – A assembleia tomou a decisão, a categoria toda respeitou a decisão de parar. Não é qualquer índice de reajuste que vai tirar o mineiro de casa – afirma. – Estamos sem sentar para negociar desde o dia 19. Se eles tivessem desde o início sentado para negociar, a história seria outra – salienta.

O sindicalista enfatiza que “eles (os mineradores) apostaram tudo em uma liminar”. – É um desespero dos patrões para conseguir liminar para acabar com a greve, eles alegam que não respeitamos os estatutos em relação a prazos, o que não é verdade – argumenta.

O impasse na negociação envolve o reajuste dos salários e outras cinco pautas, que vão desde fornecimento de vale-leite, auxílio aos afastados por acidentes de trabalho e equidade salarial entre as mineradoras. Os trabalhadores pedem 4,27% de ganho real, enquanto os empresários oferecem 2,29%, além dos 10,16% de reposição do INPC.

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A resposta das mineradoras

O advogado Sérgio Juchem é o negociador com os trabalhadores em nome do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão de Santa Catarina (Siecesc). – A negociação vem sendo tranquila. Nunca, em anos anteriores, começamos a negociar em dezembro, e fizemos já três reuniões – aponta.

Ele lembrou que a inflação já foi reposta aos trabalhadores antes mesmo do fechamento de acordo, a partir de janeiro. – Por sugestão minha, que as mineradoras acolheram, dada a elevação do custo de vida no país, eu sugeri que as mineradoras oferecessem e pagassem o INPC de 10,16% na folha de janeiro, o que já foi feito – detalha.

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Juchem destaca que nenhuma outra categoria recebeu tanto reajuste quanto o que as mineradoras estão oferecendo aos seus trabalhadores. – A nossa posição está muito boa e a nossa proposta é excelente. Não há no Brasil índice como o que estamos oferecendo. O melhor número de Criciúma e região foi dos metalúrgicos, atingiu 1,41%. Agora estamos com 2,29%. É praticamente o dobro da oferta feita aos metalúrgicos, quando obtivemos acordo – refere.

Buscando a ilegalidade da greve

A iniciativa atual do Siecesc é tentar, via Tribunal Regional do Trabalho, conferir a ilegalidade à greve dos mineiros. – Estamos pedindo revisão de um despacho equivocado que permitiu a greve. Existem requisitos para validar a greve, e a Federação dos Mineiros e os sindicatos de Criciúma, Siderópolis, Lauro Müller e Urussanga não cumpriram, mas o Tribunal se equivocou isso e não avaliou de forma correta – afirma.

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Juchem critica o conteúdo de uma antecipação de tutela respondida pela desembargadora Quezia Gonçalves, que confirmou o direito à greve dos trabalhadores, não levando em conta os questionamentos do advogado das empresas. – O Tribunal deveria ter determinado a permanência de um percentual de mineiros pois é uma atividade essencial. Isso decorre do decreto editado no ano passado na pandemia, para garantir as atividades essenciais, e a nossa atividade de extração de carvão é essencial, é insumo básico para fazer funcionar a termelétrica de Santa Catarina – observa.

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Um dos trunfos do Siecesc é buscar um documento do operador nacional do sistema de energia elétrica para levar o TRT a decidir pela suspensão da greve, argumentando que há riscos à produção de energia no Complexo Térmico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, responsável pela compra do carvão produzido na região de Criciúma. 

. Estamos aguardando um documento do ONS para dizer ao TRT qual é a situação e o que vai acontecer se as minas não voltarem. A partir daí, vamos voltar a conversar e buscar o entendimento – finaliza o advogado.

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