Desde meados dos anos 80, a Câmara de Vereadores de Criciúma funciona no Centro Profissional, um edifício na área central da cidade. Ocorre que, ali, a estrutura encontra-se fragmentada, com gabinetes distribuídos por diferentes andares e o plenário com espaço restrito. Há problemas de acesso, mobilidade e estacionamento restrito. Já houve casos de interdição do plenário para público pelo Corpo de Bombeiros e até de vereadores trancados em elevadores.
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Há quase uma década, se avolumaram os estudos para dotar o Legislativo criciumense de uma nova sede. Em 2015, na gestão do então prefeito Márcio Búrigo (à época do PP, hoje PL), e sob a presidência do vereador Ricardo Fabris (então do PDT, hoje vice-prefeito pelo PSD), alcançou-se a ideia de outro espaço, mais adequado: um prédio que vem abandonado faz alguns anos no Parque Centenário, a poucos metros da prefeitura.
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O prédio em questão abrigou, por anos, o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Criciúma. Iniciaram, então, tratativas para que o imóvel fosse cedido pelo Serviço de Patrimônio da União (SPU) para o município, o que foi conseguido em maio de 2019. O então presidente da Câmara, vereador Miri Dagostim (PP, atual secretário municipal de Educação), elaborou uma meta arrojada: transferir a Câmara para a nova sede em menos de seis meses.
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Não deu certo. Daí veio a pandemia de Covid-19 e o assunto foi, temporariamente, retirado da ordem do dia. – Estamos em uma pandemia, com outras prioridades de investimentos. Os vereadores e o prefeito concordam que não vamos aplicar recursos nisso agora. Não tem ninguém desabrigado – defende o vereador Arleu da Silveira (PSDB), atual presidente da Câmara.

Mas uma movimentação no prédio nos últimos dias reacendeu o debate sobre o uso do espaço. Tapumes que cercavam o imóvel foram removidos, e há sinais de limpeza (o interior do prédio estava bastante sujo, pichado e com sinais de presença de moradores de rua).

Conforme o secretário municipal de Infraestrutura, Tita Belloli, o local será temporariamente utilizado pela Secretaria Municipal de Educação para armazenar mobiliário das escolas. – A autorização do SPU é para uso da Câmara. Porém, devido à pandemia, os vereadores decidiram não gerar despesas com mudança agora, e a Secretaria de Educação comprou móveis para as novas escolas que estão sendo construídas, então está usando o espaço para depositá-los temporariamente, até que as escolas estejam prontas para receber a mobília – justifica.
Belloli é suplente de vereador pelo PSDB e foi, em 2020, presidente da Câmara pelo MDB, também articulando a transferência do Legislativo para o prédio. A Secretaria de Educação instalará um sistema de monitoramento para garantir a segurança do depósito provisório.
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Nova sede terá anexo de R$ 3 milhões
O modelo para aquisição da nova sede foi articulado na gestão do vereador Júlio Colombo (então no PSB, falecido recentemente) entre 2017 e 2018. Colombo propôs uma permuta entre a Câmara e uma construtora, que assumiria a obra de ampliação do prédio cedido pela União, com a construção de um anexo com gabinetes e um novo plenário, por R$ 3 milhões. Em contrapartida, a empresa receberia as salas que a Câmara possui na atual sede. R$ 500 mil seriam empregados emergencialmente em uma recuperação do novo prédio, e o Legislativo almejava economizar R$ 500 mil mensais com aluguéis de salas que, ao longo dos anos, precisaram ser locadas para abrigar vereadores e a estrutura burocrática atual.

Não existe previsão de prazo para a transferência da Câmara. – Não será na minha presidência – assegura o vereador Arleu. No próximo ano, a presidência continuará com o PSDB, com a vereadora Roseli de Luca Pizzolo, que aguardará os desdobramentos da pandemia de Covid-19 para retomar ou não o projeto.
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