Quer adrenalina? A Serra do Rio do Rastro é, inegavelmente, um destino obrigatório. Para quem parte de Lauro Müller, os 25 quilômetros tornam-se distantes até Bom Jardim da Serra ao subir mais de mil metros, vencer 284 curvas e se extasiar com as belezas naturais que cercam o sinuoso caminho.
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Serra do Rio do Rastro: patrimônio de Santa Catarina
Em obras desde julho, a SC-390 está um cenário mais complicado e com limitações para quem se arrisca a trafegar entre as complexas obras. Em andamento desde julho, a intervenção de mais de R$ 19 milhões está dotando 25 pontos da rodovia de telas metálicas super resistentes para conter deslizamentos de pedras na pista. A meta inicial era concluir tais obras em maio. Ficou para outubro.
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O desafio: trafegar à noite
Não é possível, atualmente, fazer uso da SC-390 de segunda a sexta-feira, durante o dia. Das 7h às 18h, a rodovia é das obras. As frentes de trabalho atuam freneticamente em diversos pontos. Para transitar pela estrada, somente à noite ou, então, nos fins de semana.
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Mas o tráfego à noite sempre foi desafiador no trecho. Agora, ainda mais, já que, além das obras, as luminárias estão desativadas.

E topamos o desafio de subir e descer a SC-390 a partir das 21h30min do último sábado (23).
Como de hábito, a subida é tranquila até pouco depois do distrito de Guatá. Em seguida, as curvas começam e os postes tornam-se apagados. Não há iluminação artificial ativa, e somente os faróis para quebrar o breu da noite.
A cada metro, as surpresas vão aparecendo em meio à escuridão. São pedregulhos nos cantos, em especial nos trechos de encostas remexidas pelas obras. Há placas em vários pontos indicando pela necessária atenção redobrada. O vento era forte, e tornava-se ainda mais intenso conforme a quilometragem serra acima estava sendo percorrida.
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Em boa parte dos recuos nas margens da pista, máquinas ficam estacionadas para a retomada do trabalho nas manhãs da semana que chega.
A noite castiga. A lua cheia até brilha entre algumas nuvens, mas a escuridão torna-se mais severa entre a mata reinante e os córregos que cascateiam entre as pedras. E a cada encosta em obras, é visível, entre os fachos de luz dos faróis, a pedra raspada, corroída pelo maquinário para ganhar a proteção em tela.

Terminada a subida, o famoso mirante da Serra do Rio do Rastro, 1.421 metros acima do nível do mar, estava lá, deserto e castigando os raros visitantes com muito frio. Dele, uma espiada permitia constatar, de cima, a escuridão da SC-390. As luzes mais próximas eram as de Lauro Müller mesmo, a cidade de origem da viagem.
No retorno, a confirmação de que, finalizadas as obras nas encostas, outras intervenções serão muito necessárias. Entre elas, a limpeza, a recuperação da sinalização, do piso (são sete quilômetros de concreto, danificado em diversos pontos) e, principalmente, a iluminação.
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A luz artificial chegou em 2002
A SC-390 ganhou iluminação em 2002. Foi, na época, um investimento de R$ 947 mil em 220 luminárias, instaladas em 220 postes de aço com cabos subterrâneos e cuidados ambientais. Os postes são verdes, para harmonizar com a natureza do entorno, e as luminárias são focadas na estrada, para não causar danos aos hábitos noturnos dos animais da Serra do Rio do Rastro.
De lá para cá, são incontáveis os episódios de interrupção do fornecimento de energia. Geralmente, por razões técnicas. Em 2016, as luminárias foram apagadas por força da umidade e de rajadas de vento. Em 2018, nova escuridão, piorada no ano seguinte por conta de uma enxurrada.
O futuro é incerto. A Secretaria de Estado da Infraestrutura baseia-se na determinação judicial que aponta a responsabilidade dos municípios sobre a manutenção da iluminação de rodovias estaduais. Será, evidentemente, um custo elevado para a prefeitura de Lauro Müller, que já manifestou a intenção de cobrar do Governo do Estado esse investimento.
Os riscos dos deslizamentos
Uma das razões para o investimento nas encostas era a frequência dos deslizamentos. Inúmeros motoristas já tomaram muitos sustos no trecho com pedras deslizando. Em um dos casos, em julho de 2016, o condutor Moacir da Silva Júnior trafegava de Bom Jardim da Serra para Braço do Norte quando, a certa altura, a encosta cedeu.
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Muitos pedregulhos não só interromperam a viagem de Moacir, como causaram estragos no Ford Ka e o motorista por pouco não se feriu.
Feitos todos os investimentos necessários, renasce a esperança de uma região que vê na Serra do Rio do Rastro um enorme potencial turístico a ser ainda melhor trabalhado. É a grande expectativa que fica, pois a beleza natural está ali, no aguardo de uma adequada infraestrutura que não agrida o meio ambiente e que, de forma sustentável, permita retorno econômico.
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