Causou alvoroço em Urussanga, no Sul catarinense, o vazamento de uma série de áudios com a voz da secretária municipal de Saúde, Ingrid Zanelatto, apontando para possíveis casos de ‘fura-fila’ na vacinação contra a Covid-19. A secretária referia, no conteúdo que veio a público na segunda quinzena de maio, que “de um pacote de 1.372 doses, 239 estavam faltando”.

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Na mesma época, logo após a denúncia do vereador Luan Varnier (MDB), que levou o assunto a uma sessão da Câmara, a secretária criticou o vazamento, afirmando que foi uma “gravação de má-fé” e que os áudios estavam fora de contexto e fragmentados, criando uma sequência que não fazia jus à verdade.

A prefeitura, então, abriu uma comissão de sindicância que agora, quase três meses depois, encerrou seus trabalhos. – A comissão foi independente, formada por três servidores que fizeram coletas de provas, inquirições, tudo autônomo e idôneo como deve ser, sem qualquer interferência. Após 60 dias, eles concluíram que não houve irregularidades, que não se vacinou ninguém que não deveria ter sido vacinado – informa o prefeito Jair Nandi (PSD).

Nandi, que é o vice-prefeito, assumiu a prefeitura poucos dias antes da denúncia, por conta dos efeitos da Operação Benedetta, da Polícia Federal (PF), que tirou do cargo por até 180 dias o titular, Gustavo Cancelier (PP). – De fato, eu assumi no dia 21 e esse caso veio à tona no dia 26 de maio – recorda. – A comissão preparou três volumes de documentos, com um total de 540 páginas, tudo isso está digitalizado e entregue ao Ministério Público, que segue com a sua investigação da denúncia – detalha. 

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Prefeito interino confirma que comissão apontou pelo arquivamento da denúncia
Prefeito interino confirma que comissão apontou pelo arquivamento da denúncia (Foto: Prefeitura de Urussanga / Divulgação)

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O resultado da investigação pela prefeitura foi levado aos vereadores. – Como a comissão indicou pelo arquivamento das denúncias, nós acatamos. O MPSC segue com o seu trabalho, que é sigiloso – reforça o prefeito interino.

Mais sobre a denúncia

Os áudios que vazaram compunham parte de uma reunião de técnicos da Secretaria de Saúde, da Atenção Básica e da Vigilância Epidemiológica. Em um parte, a secretária Ingrid diz que houve uma denúncia levada ao gabinete do prefeito indicando que um motorista da prefeitura, que não teria direito à dose, foi vacinado antes do tempo contra a Covid-19. 

Em outro ponto, a secretária diz: “e eu vi (no relatório) maridos vacinados, muita gente que não tem 60 anos, eu vi comunidades, não existe uma comunidade do município que não tenha tido fura-fila. Não é um, não é outro. Todos. Gente de outros municípios sendo vacinados. Como é que vai fechar?”.

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Na sequência, em tom de cobrança, Ingrid afirma: “se eu vou furar a fila fazendo do meu pai, da minha mãe, eu vou avisar? O tanso é quem botou o marido. E aí toda semana temos que mandar esse nominal para o Ministério Público, a sorte é que o Ministério Público não tem acesso às informações que a gente tem. E vocês acham que a prefeitura vai pagar advogado para nós? É sério, gente”.

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O que respondeu a secretária

Quando as denúncias vieram à tona, a secretária Ingrid explicou o que foi levado posteriormente à sindicância, de que havia um questionamento do MPSC a respeito. – Verificamos tudo e estava tudo correto. Essa reunião foi feita para apontar a gravidade se houvesse erros na vacinação – disse.

A respeito do termo ‘fura-fila’, a secretária pontuou que não tratava dos vacinados sem o respectivo direito, mas sim dos cuidados para não haver sobras de vacina nos frascos, nas faixas etárias que à época estavam em atendimento, no grupo dos 60 anos. Ingrid destacou, ainda, que quando mencionou uma possível falta de 239 doses, estava referindo que esse montante ainda não havia sido cadastrado no controle das vacinas.

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