Vem ganhando volume nas últimas semanas, em Criciúma, uma mobilização em prol da retomada das operações da Guarda Municipal (GM), criada em 2009 pelo prefeito Clésio Salvaro (PSDB), que a extingiu no início de 2017.

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-Na época, o modelo não funcionava adequadamente. Mas agora o Município tem prejuízos patrimoniais que são maiores que o custo da GM – ponderou o vereador Júlio Kaminski (PP), autor de requerimento solicitando ao prefeito estudar a recriação da corporação. Mas para Salvaro criar a GM foi um erro. – Ali cometi meu maior erro. Quando eu voltei, meu primeiro ato em 2017 foi corrigir esse erro e extinguir a GM – afirmou.

Salvaro criou um fundo municipal para repassar recursos às polícias Militar e Civil. – Criciúma tem, hoje, índices de criminalidade semelhantes a de países europeus e dos Estados Unidos. Temos PM presente, Polícia Civil competente, e são nossos parceiros – argumentou. – Por isso, enquanto eu for o gestor de plantão, a volta da Guarda Municipal está fora de cogitação. A responsabilidade com o gasto público será sempre a nossa prioridade – completou.

Os guardas municipais seguem existindo enquanto servidores públicos em Criciúma. Porém, com a dissolução da GM, foram realocados em outras áreas. – A prefeitura gasta R$ 2 milhões para arcar com danos ao patrimônio público. Com a Guarda, pagando salários decentes para 220 guardas, teria uma folha de R$ 1,3 milhão – apontou o diretor da Associação Nacional de Altos Estudos em Guardas Municipais (ANAEGM), Marcelo Peruchi.

Para ele, Salvaro cometeu improbidade administrativa ao dissolver a GM e repassar recursos a forças policiais estaduais. – Nunca vi aberração tão grande. Ele não cometeu erro, cometeu crime. A segurança básica também é dever dos municípios – salientou.

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Para Peruchi, a justificativa para a extinção foi pífia. – E além de não investir na GM, criou um fundo municipal para dar dinheiro a forças estaduais. Ele deu R$ 35 mil por mês nos últimos dois anos para a PM, comprou R$ 9,7 mil em armas de choque, investiu em motos, veículos. Se tivesse feito esse investimento na GM, teria uma das melhores do Brasil – comentou.

Peruchi, que é natural de Criciúma e atualmente desempenha função de guarda municipal concursado em Curitiba, crimes relevantes na cidade não teriam ocorrido se houvesse Guarda Municipal. – Com 220 guardas, com grade curricular em dia, armamento e tecnologia, monitoramento da cidade e quatro portais de segurança, Criciúma não teria sido sitiada por vagabundos aterrorizando sua população – disparou, citando o assalto ao Banco do Brasil em dezembro de 2020. – Guarda Municipal atuando baixa o índice de homicídios em 30%. E a Guarda de Criciúma ainda existe na Lei Orgânica, o que torna mais fácil ainda a sua reabertura – arrematou.