Urussanga, no Sul catarinense, amanheceu com viaturas e policiais nas ruas nesta segunda-feira (13). Foi desencadeada a Operação Hera, que apura irregularidades na gestão da Fundação Ambiental do Município (FAMU). A Polícia Civil foi até a Câmara de Vereadores e repartições da prefeitura. Houve duas prisões temporárias, um deles o vereador Rozemar Sebastião (PDT), por porte irregular de arma. Os ilícitos envolvem contratos que totalizam R$ 1 milhão.
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A operação resulta de investigações iniciadas em julho e que apuram crimes de corrupção passiva, prevaricação, crimes ambientais, organização criminosa e extravio ou sonegação de documento público. Além do parlamentar preso, outros dois vereadores envolvidos foram afastados de suas funções, e tiveram seus gabinetes visitados pelos policiais para apreensão de documentos: Odivaldo Bonetti (PP) e Fabiano de Bona (PSDB). Pouco depois das 6h, o delegado Ulisses Gabriel, que coordena a operação, solicitou à secretaria do Legislativo a abertura dos gabinetes. Cerca de 40 testemunhas serão ouvidas na sequência da operação.
Estão sendo cumpridos nesta manhã 18 mandados de busca e apreensão e houve sete afastamentos cautelares de funções públicas, relacionando os três vereadores. Dois ex-vereadores estão entre os demais afastados de atividades públicas.
Houve apreensões de aparelhos telefônicos, com quebras de sigilo já asseguradas. Estão no foco da operação, também, empresas privadas, residências e servidores, além das secretarias de Educação e Obras, o setor de licitações da prefeitura e a FAMU.
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Um vereador entre os presos
As buscas da Operação Hera estão concentradas também em Criciúma, Cocal do Sul e Braço do Norte. O delegado Ulisses confirmou a prisão do vereador do PDT. – Fizemos a prisão em flagrante de um vereador, pela prática do crime de posse irregular de arma de fogo – relatou.
São três as secretarias visitadas pelos policiais nesta manhã na prefeitura. – Estamos buscando documentos, celulares e computadores. Identificamos que há pelo menos R$ 1 milhão envolvidos nesses contratos que investigamos, e também as situações envolvendo as secretarias de Administração, pelo setor de licitações, e as secretarias de Agricultura e de Educação – informou.
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A prefeitura de Urussanga se manifestou por nota:
Informamos a toda população de Urussanga que a operação executada nesta manhã (13/12), pela Polícia Civil, o Município de Urussanga está colaborando e oferecendo todos os documentos solicitados, neste momento, para o completo esclarecimento do caso.
O Governo Municipal se coloca ao lado da transparência, facilitando o acesso a toda documentação solicitada e está colaborando com a investigação.
A Operação Hera está envolvendo cerca de 100 policiais civis das regiões de Criciúma, Laguna, Tubarão e Araranguá, com apoio do Gaeco e coordenação da Delegacia de Urussanga.
Segundou com S de serviço. Muito serviço. Segunda é o melhor dia da semana. Aproveite cada dia da sua vida para transformar o mundo. E o mundo se transforma com trabalho, muito trabalho.
— Delegado Ulisses Gabriel (@DelegadoUlisses) December 13, 2021Continua depois da publicidade
Presidente da Câmara entre os afastados
A investigação envolve em cheio o Legislativo. Entre os vereadores afastados, estão o presidente Odivaldo Bonetti e o vice, Rozemar Sebastião. Com isso, o primeiro secretário, Elson Roberto Ramos (MDB), assume a presidência provisoriamente.
Não há pronunciamento do Legislativo se os suplentes do PP, PDT e PSDB, os partidos dos envolvidos, serão acionados para ocupar as cadeiras vagas.

O vereador Luan Varnier (MDB), que não está entre os investigados, fez postagem nas redes sociais referindo a operação.
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– Fui chamado às 6h15min pelo delegado Ulisses para abrir a Câmara. Os policiais não entraram nos gabinetes do MDB e do PSD, entraram nos gabinetes do PP, PSDB e PDT, e levaram o computador da presidência e muitos documentos – contou o vereador Elson.
– É uma operação de combate à corrupção em órgãos públicos aqui em Urussanga – argumentou o delegado regional de Polícia Civil, Vitor Bianco Júnior.
Por outra operação, prefeito segue afastado
Trata-se de mais uma investigação envolvendo irregularidades na gestão pública em Urussanga neste ano. Em maio foi desfechada a Operação Benedetta, que resultou no afastamento do prefeito Luís Gustavo Cancelier (PP), que segue fora do cargo. Desde então, o vice Jair Nandi (PSD) comanda o Executivo. Essa operação investiga contratos envolvendo possíveis desvios de recursos em obras públicas financiadas com recursos federais.
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