— Estou apavorado —. Assim, o prefeito José Cláudio Gonçalves, o Neguinho, resume a consequência colhida por Forquilhinha, na região de Criciúma, na primeira semana posterior à implantação das praças de pedágio no trecho sul da BR-101. Mas o que Forquilhinha, que não se localiza às margens da rodovia, tem a ver com isso?
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— É que os caminhoneiros escolhem a nossa cidade para desviar da praça de pedágio de Maracajá —, conta. Os cálculos já foram feitos pelo Departamento Municipal de Trânsito (Demutran) de Forquilhinha. — Fizemos ontem o levantamento, nossa equipe apurou que 247 caminhões pesados circularam pela cidade em um espaço de cinco horas. Isso dá até dez vezes mais movimento aqui — refere.
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Neguinho percebeu o acréscimo do tráfego de uma forma, digamos, curiosa. — É que faz 15 anos que eu corro de manhã, cedinho. Na segunda-feira, correndo, vi aquele bocado de caminhões na cidade no amanhecer. Notei na terça também — diz, observando que não repetiu o ritual físico na quarta e quinta, por conta da chuva.

A intenção do prefeito é formar uma comissão regional, com colegas de cidades vizinhas, e levar o problema ao governo do estado. — Na semana que vem, vamos sim a Florianópolis. E entendemos que a ANTT também precisa ser chamada, já que esse problema tem relação com o pedágio — observa.
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Neguinho quer garantias de apoio para manutenção das estradas municipais. — Os buracos vão aparecer na semana que vem. E serão muitos. O tráfego de caminhões aqui em Forquilhinha aumentou muito e isso acontece 24 horas por dia — destaca.

Os roteiros dos caminhões
Pelo que foi percebido em Forquilhinha, caminhões que se deslocam do norte para o sul ingressam em Içara, na Via Rápida, a SC-446, chegando em Criciúma, onde tomam o Anel de Contorno Viário no sentido de Forquilhinha, passam pela Rodovia Jorge Lacerda (ainda em Criciúma), Rodovia Gabriel Arns (já em Forquilhinha), passando então pela área urbana da cidade e tomando a Rodovia Antônio Valmor Canela (SC-108) em direção a Meleiro, onde alcançam Araranguá e voltam à BR-101, driblando a praça de pedágio instalada em Maracajá.
— Eu só não entendi ainda a viabilidade econômica disso. Os caminhoneiros aumentam em 40 quilômetros a viagem para evitar um pedágio onde vão pagar R$ 25 — avalia o prefeito. — Alguns amigos aqui conversaram com esses caminhoneiros, enquanto eles passavam pela cidade, e os caminhoneiros disseram que estavam fazendo uma experiência — sublinha Neguinho.
O prefeito projeta que, nesse teste, os caminhoneiros que percorrem o sentido sul-norte poderão fazer desse roteiro alternativo à BR-101 mais frequente. — É que há os que vem do Rio Grande do Sul e querem fazer entregas em Forquilhinha e Nova Veneza. Esses caminhoneiros iam até a Rodovia Jorge Lacerda, em Criciúma, mas para isso agora precisam passar pelo pedágio de Maracajá. Eles poderão tornar rotina esse caminho alternativo, entrando em Araranguá, passando por Meleiro e chegando na nossa cidade. De qualquer forma, esse acréscimo vai deteriorar as nossas rodovias, que já não são boas — reitera.
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Uma das sugestões que será levada pelos prefeitos da região ao governo do estado nos próximos dias é a possibilidade da instalação de balanças de fiscalização nos trechos, para evitar excesso no transporte de cargas pelas cidades. Neguinho já procurou o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, e o coordenador regional de Infraestrutura, Gustavo Taufembach, em busca de apoio. — Do jeito que está, não vai ficar — finaliza.
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