As redes sociais ajudam. Os dispositivos tecnológicos também. Por esses meios, os grupos se formam e a prática do ciclismo cresce e muito. Mas as cidades e estradas ainda não acompanham. As estruturas viárias urbanas seguem carentes para quem pedala. É o caso de Criciúma.
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Tanto que, para pedalar, os vários praticantes, seja os membros de clubes, seja os que isoladamente recorrem às bikes para se deslocar, buscam a mais recente rodovia que a cidade ganhou: a Via Rápida, acesso à BR-101 inaugurado no fim de 2017.
– Por fim de semana passam uns 400 ciclistas por aqui – conta o também amante dos pedais Eduardo Schaucoski, que sempre que pode se mistura aos grupos e os fotografa, unindo as paixões dos cliques e dos pedais. Mas é consenso que Criciúma e a região ainda carecem de melhores e mais amplos espaços para as pedaladas.
– Temos estradas boas aqui pelo interior, em Nova Veneza, Siderópolis por exemplo. Mas a gente nota que muitas dessas estradas ainda são feitas sem o espaço para pedalar, sem uma ciclofaixa – adverte o ciclista. – Ou ao menos um acostamento já serve. Isso cria dificuldades não só para quem pedala, mas também para as máquinas agrícolas, que precisam transitar por essas estradas, e para pedestres, crianças, cadeirantes, os carroceiros que usam tração animal – complementa.
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No caso da Via Rápida, a recente novidade, de um projeto de expansão da rodovia a partir da BR-101 até o Balneário Rincão, atiça os grupos de pedais da região. É que, já nas condições atuais, esse é um dos destinos mais frequentes, mas por estradas que ainda carecem de melhores condições. – Esperamos que o projeto contemple acostamento e ciclofaixa – pondera Schaucoski.
A nova rodovia ainda está em fase de estudos. Recentemente, o governador Carlos Moisés determinou a contratação, com recursos do Estado, do projeto técnico. A estimativa é de investimentos de R$ 40 milhões no trecho de 6,5 quilômetros, ainda sem previsão do início das obras. Mas, pelo que consta, haverá sim atenção aos ciclistas.

– Ainda temos esse problema nas rodovias estaduais também. A Via Rápida é uma exceção aqui, já que conta com bons acostamentos e uma ciclofaixa em parte da sua extensão também. É um espaço adequado para quem pedala – elogia Schaucoski. Ele lembra que a BR-101 também vem sendo bastante utilizada. – Ela tem um bom acostamento, são comuns os grupos que saem de Criciúma e pedalam pela BR até Tubarão, Laguna, até Florianópolis – constata.
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Ele lembra que o adequado é que os acostamentos das rodovias municipais e estaduais, onde estão os maiores problemas, respeitem um espaço de ao menos 1m50cm para quem pedala e quem precisa estacionar. – Por isso que estradas de fluxo mais pesado, como a Via Rápida e a BR-101, são mais seguras para nós – pondera o ciclista. Ele conta que na Via Rápida os ciclistas são percebidos, em grupos ou individualmente, pedalando a partir das 6h e alguns até depois das 23h.
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A prática do ciclismo vem fazendo aumentar, também, o número de triatletas na região. – Sim, a pessoa já corre e nada, e coloca o pedal na sua rotina, assim o número de triatletas está aumentando bastante por aqui. E tudo isso é qualidade de vida da população que está aumentando – observa Schaucoski.

A falta de ciclofaixas em Criciúma
Criciúma tem um problema crônico envolvendo sua principal via: a Avenida Centenário. – Muita gente que é de fora, vem pedalando e chega em Criciúma, usa o corredor dos ônibus para as pedaladas, já que as calçadas não são adequadas para bikes ali – conta o ciclista. A prefeitura de Criciúma vem trabalhando em alguns projetos para tentar dotar a Centenário de uma ciclofaixa, mas encontra dificuldades, já que a via tem três pistas em cada sentido, duas para o trânsito geral e uma exclusiva para o transporte coletivo e de viaturas. O canteiro, por abrigar plataformas de embarque e desembarque de passageiros nos ônibus, não oferece um espaço linear para as bicicletas, o que torna mais complexo o desafio de prever uma malha cicloviária na principal avenida da cidade.

Nos últimos anos estão sendo registrados casos de óbitos de ciclistas em vias públicas de Criciúma. O mais emblemático, que gerou protestos na cidade, foi o de um jovem de 13 anos que se desequilibrou na calçada da Avenida Centenário, caiu na pista dos ônibus e foi atropelado, falecendo no local.
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Boa notícia para quem pedala
A Rodovia Luiz Rosso, acesso Centro da BR-101 a Criciúma, está passando por uma revitalização e ganhará uma ciclofaixa em toda a sua extensão, de 12 quilômetros. O município anuncia, também, investimentos em ciclofaixas na Rodovia Alexandre Beloli e no futuro binário da Avenida Santos Dumont, que está em obras. Com isso, Criciúma planeja oferecer mais 19,5 quilômetros de ciclofaixas.
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– Não queremos um tapete vermelho, queremos acostamento e ciclofaixa para a segurança de todos. É pelo bem estar e pela saúde das pessoas e por um trânsito mais humanizado – finaliza Schaucoski.
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