Criciúma está chegando a 110 mil doses de vacinas aplicadas contra a Covid-19. Mais de 25 mil criciumenses estão completamente imunizados, com as duas doses, e há ainda os cerca de 1,5 mil que tomaram a dose única da Janssen.
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Mas, agora, a força-tarefa da Secretaria Municipal da Saúde se dá, com justificadas razões, em relação aos mais de 6,5 mil que, mesmo tendo direito às doses, não procuraram as unidades de saúde ainda. Esses milhares são pessoas com 45 anos ou mais – alguns com bem mais – que já deveriam ter se imunizado.
Nesse contingente estão os “sommeliers de vacina”, que prestam o desserviço coletivo de escolher. A escolha da vacina não é apenas um desrespeito para com a ciência, mas sim uma afronta ao coletivo. Vacinação contra a Covid, hoje em dia, não é apenas um direito, transcende isso. É um dever sanitário.
O que busca escolher a vacina tem um perfil de fácil identificação. Coloca-se como acima do bem e do mal, é munido de um centralismo umbilical constrangedor e se acha conhecedor de tudo, típico desses tempos de banalização da ciência e de profusão dos palpiteiros de plantão. Desconfiar de uma vacina, com os argumentos mais estapafúrdios que se verificam por aí – que o digam os delinquentes de redes sociais que esparramam essas bobagens – coloca em risco a todos. Quem faz isso está colocando os seus sob risco, pois pode, com sua ignorância, contaminar familiares e amigos. E levá-los até à morte.
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Por essas e outras que o gesto de Criciúma é elogiável. Quem tenta escolher vacina vai para o fim da fila. Se não é possível no diálogo cativar a maturidade necessária para compreender que vacina boa é vacina no braço, que se faça o coercitivo. E o sujeito que se negar a assinar a declaração atestando que tentou escolher e não conseguiu? A saída é fazer, com a presença deste negacionista, que profissionais da saúde assinem o termo oficializando a renúncia.
Já houve casos de gente que abriu mão e depois se arrependeu. No princípio da campanha de vacinação contra a Covid, a Secretaria de Saúde de Criciúma chegou a promover anulações de termos como este, bem antes da existência do decreto atual. Era gente de 60, 70 anos que abria mão da vacina, e isso era documentado. E tempos depois, vencidos os grupos férteis da desinformação, esses senhores e senhoras colocavam a mão na consciência, procuravam a unidade de saúde e conseguiam anular o termo. Agora, com o decreto, isso não será mais possível. Titubeou, escolheu, vai para o fim da fila. Necessário e justo.
Criciúma recebeu 7,1 mil doses de vacinas nesta quinta-feira (1). Foram distribuídas para as unidades e, de pronto, a Secretaria Municipal de Saúde definiu pela prioridade para os de 45 anos ou mais que ainda não se imunizaram. Foco nesses 6,5 mil já citados. O dia todo será para eles. Daí, será possível medir a febre desse apelo.
A partir de sábado (3), com o que restar das doses, avança-se para os de 44 anos e assim por diante. Que tenha dado tempo para o recado transmitido pelas mais de 520 mil mortes já registradas. O inimigo em comum não é vacina, nem a politicagem em torno dela, mas sim o coronavírus.
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