Os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) apontam que o Brasil tem 14,8 milhões de desempregados. São 14,7% da população ativa do país em busca de uma atividade remunerada. É muito. 

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Esse inquietante índice encontra, naturalmente, oscilações conforme a região do país. O sul é a menos atingida. Aqui, estamos com uma taxa de desemprego de 8,5%. Ainda assim, de cada 200 trabalhadores aptos, 17 estão em busca de uma atividade.

Em Criciúma, a prefeitura organizou, nas últimas semanas, um Balcão de Empregos. Abriu um espaço em seu site para que empresas cadastrassem vagas ao dispor. Apareceram 130 vagas. No mesmo site, era possível o cadastro de interessados. Cerca de 500 manifestaram interesse. 

De posse disso, a Secretaria Municipal de Assistência Social organizou um evento, realizado no último sábado no Ginásio Municipal Valmir Orsi. Tudo preparado, 30 empresas presentes, espaçamento garantido, normas de segurança sanitária também, eis a surpresa: apareceram 43 interessados nas vagas. Ou seja, três vagas abertas por trabalhador disposto. No mínimo curioso.

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Dos 43, 7 conseguiram colocação imediata, saindo dali contratados. Os demais foram para bancos de cadastro. O vereador Nicola Martins (PSDB) chamou a atenção para essa situação ainda no fim de semana, pelas redes sociais, e levou o assunto à tribuna da Câmara na última segunda-feira (14). – Tinha vaga de torneiro para a qual a empresa apresentava um torno, treinava o trabalhador. Ele não precisava nem conhecer o torno – relatou.

O secretário de Assistência Social confirmou a pluralidade das ocupações oferecidas. – Do têxtil ao comércio, da usinagem à cerâmica, do imobiliário aos supermercados – referiu Bruno Ferreira. Ou seja, havia emprego para muitos. O que aconteceu, então? – É o que queremos saber. Vamos procurar a maioria dessas mais de 450 pessoas que se cadastraram e não foram – informou o secretário.

Mesmo com o resultado pouco expressivo, a prefeitura voltará à carga. Fará um novo evento em agosto, com o mesmo foco: localizar os desempregados e, mais, oferecer um alento às empresas que precisam de mão de obra para crescer e que não conseguem. E não é nem a qualificação desses trabalhadores que está em discussão. – Não, tem vaga para quem não tem a mínima qualificação profissional – confirmou o vereador Nicola que, durante o evento de sábado, conversou com gerentes de Recursos Humanos das empresas participantes e ouviu o mesmo relato: – isso é comum, as pessoas não aparecem -. O parlamentar revelou que, das redes sociais, recebeu apelos de outras partes do país (do nordeste, por exemplo), de trabalhadores querendo oportunidades semelhantes provocadas por prefeituras, e que não conseguem.

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A lembrar que, entre o lançamento do Balcão de Empregos e o efetivo encontro com as empresas no último sábado, o município de Criciúma ainda ofereceu, em parceria com o Sebrae, treinamentos com workshops sobre comportamento em entrevistas e elaboração de currículos.

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Secretaria de Assistência Social promoverá novo Balcão de Empregos
Secretaria de Assistência Social promoverá novo Balcão de Empregos (Foto: Divulgação)

Ao consultar os dados do Sistema Nacional de Empregos (Sine), das vagas oferecidas, são 5.145 disponíveis no relatório desta semana em Santa Catarina. No sul, 696: 205 em Tubarão, 152 em Criciúma, 131 em Braço do Norte, 51 em Forquilhinha, 36 em Morro da Fumaça, 28 em Araranguá, 22 em Nova Veneza, 20 em Cocal do Sul e por aí vai.

São empresas que precisam de mão de obra. São oportunidades que, mesmo limitadas a jornadas pesadas e salários limitados, são oportunidades, espaços para quem quer efetivamente trabalhar e crescer. Logo, de falta de chance não é possível reclamar. Será que atingimos o pleno emprego e não sabemos? Onde estão os desempregados?

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