– Em todo lugar do mundo, sempre terá uma camisa do Criciúma -. Por essa e outras postagens, o Twitter registrou um fenômeno curioso no início da noite deste sábado (27). Nos trending topics, apareciam naturalmente o Palmeiras, recém campeão da Libertadores, o Flamengo e o Criciúma. O Criciúma?
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Essa história começou há algumas semanas, no jantar de uma confraria de amigos em Criciúma, 1.079 quilômetros de distância do Estádio Centenário, em Montevidéu, onde a Copa Libertadores foi decidida com vitória palmeirense na prorrogação, 2 a 1 sobre os flamenguistas.
– A gente tem uma confraria no nosso prédio, a gente se juntou num dos jantares e levantamos a ideia dessa viagem. Eu e outro amigo fomos os últimos a entrar, quando vimos que tinham as últimas vagas, topamos – contou Rafael Búrigo Locks, que é otorrinolaringologista em Criciúma.

Motorhome de Criciúma a Montevidéu
A turma de oito amigos embarcou em um motorhome na quinta (25) à noite, encararam a viagem e chegaram na sexta-feira (26) na capital uruguaia. Rafael mal podia esperar que, no jogo, a sua comemoração no gol de empate do Flamengo geraria tanta repercussão. É ele o torcedor que veste a camisa do Criciúma em meio a tantos rubro-negros que comemoram com o atacante Gabigol o gol marcado no segundo tempo, e que levou a decisão para a prorrogação.
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Sócio do Criciúma há mais de 20 anos, Rafael é fanático torcedor do Tigre, mas não esconde sua simpatia pelo Flamengo. – Dos oito amigos que viajaram, quatro tinham ingresso para o jogo, e quatro não tinham. Eu era um dos quatro que não tinham. A gente foi pro estádio sem muita pretensão. Fomos de camisa do Criciúma, daí a galera perguntava, a gente brincava que o Criciúma vai ganhar do Vasco ano que vem na Série B, daí os flamenguistas ali já adoraram – relatou.

A hora do jogo foi se aproximando, e a vontade de conseguir os ingressos para entrar no Centenário também. – Conseguimos até por um valor mais acessível, e acabamos entrando numa área privilegiada do estádio, e na hora do gol estávamos ali, para aparecer na TV – destacou, divertindo-se com a situação. – Só faltou a taça – emendou, não escondendo uma ponta de decepção. Mas tudo terminou em festa. – Está sendo uma viagem sensacional – disse.
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Imagens mostraram um segundo torcedor do Criciúma com camisa do Tigre. É o Erik Fernando de Brito, mais um membro da confraria que encarou a longa viagem do Sul catarinense até Montevidéu em um motorhome. Na turma estão ainda outros cinco criciumenses: Eduardo Topanotti Tarabay, André De Luca dos Santos, Guilherme Zanela, Edair Rodrigues de Brito Jr e Victor Steiner, além de um carioca, Raphael Fonseca.
Leva a camisa por toda parte
Rafael é daqueles que, onde vai, leva a sua camisa do Criciúma. – O que aconteceu aqui em Montevidéu foi aquela coisa da naturalidade. A gente foi pro campo na alegria, com a camisa do Criciúma, a gente ama esse clube, e gosta de levar o nome de Criciúma pra onde a gente vai – sublinhou. – E eu gosto muito do Flamengo também – afirmou.
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Entre os torcedores do Criciúma, há vários elogios, daqueles que entendem ter sido uma boa forma de divulgar o clube. Mas há os críticos, que apontam que não pega bem um torcedor com a camisa do Tigre comemorando um gol do Flamengo em uma decisão. Quando questionado a respeito de algumas críticas que vem recebendo, Rafael levou na brincadeira: – são os haters, né. O cara quando fica famoso (risadas), é isso -.
Mas, em seguida, o torcedor do Criciúma falou sério. – É a camisa do Tigre na final da Libertadores, e o cara enxergar só essa coisa de misto, tem que ter uma visão pequena. Mas nem tô pensando nisso, só quero descansar, curtir a minha família, não quero saber desse assédio (mais risadas) – completou Rafael.
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Longa história com o Criciúma
Rafael Búrigo Locks lembrou uma passagem curiosa com o Criciúma. Em 2013, o zagueiro Ewerton Páscoa quebrou o nariz durante um jogo do Tigre contra o Avaí. Ele, enquanto otorrinolaringologista, foi chamado às pressas no vestiário para ajudar o atleta. – Fui chamado depois do jogo, o fisioterapeuta do clube, meu amigo, me ligou. Eu estava no jogo e fui lá no vestiário. Coloquei o nariz do Páscoa no lugar – recordou.
Voltando mais no tempo, Rafael resgatou que, das arquibancadas, assistiu o Tigre disputar a Copa Libertadores pela única vez na sua história, em 1992. – Eu estava lá no Heriberto Hülse naqueles jogos todos – confirmou. – Depois de 30 anos, do meu jeito, levei o Tigre para a Libertadores de novo – divertiu-se.
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“Um espetáculo à parte”
Sobre a festa da decisão da Libertadores, disputada em jogo único pela terceira vez (2019 em Lima, 2020 no Rio de Janeiro foram as anteriores), os criciumenses voltam cheios de elogios. – Foi um espetáculo à parte. Tudo muito bem organizado. Estava aquele clima bonito, um espetáculo. Foi como uma final de Champions – respondeu Rafael. E voltou ao assunto da camisa do Tigre, comparando América do Sul e Europa. – Imagina tu ir para uma final de Champions League e não levar uma camisa do Criciúma. Tem que levar, se leva pras Américas, leva pro mundo inteiro – argumentou.
Sem se abalar com o resultado de campo, e com as suas camisas do Criciúma, o grupo faz um pit stop ainda no Uruguai neste domingo. Eles estacionam o motorhome em Punta del Este para curtir o domingo no famoso destino do vizinho país. Na segunda-feira (29) eles pegam a estrada de novo com destino a Criciúma. – E voltamos à nossa vida normal, vamos trabalhar e nos preparar para as próximas – finalizou Rafael.

Outros criciumenses na final
O presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), Moacir Dagostin, integrou outro animado grupo que também saiu do Sul catarinense para curtir a decisão entre Palmeiras e Flamengo. Entre os amigos, o presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF), Rubens Angelotti.
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O presidente do Próspera (único representante de Criciúma na Série A do Catarinense em 2022), Israel Rocha Alves, foi outro que também viajou a Montevidéu. – O Flamengo jogou muito abaixo, mas eu curti bastante o passeio – registrou.
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