Municipalismo. Essa palavra vai ter muita ênfase ao longo de 2022. A senha está dada a todo momento pelo governador Carlos Moisés (sem partido) e por sua equipe.
Continua depois da publicidade
> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp
– Se tem uma característica desse governo, é o repasse de dinheiro para os municípios. Nos últimos 3 anos, são R$ 3 bilhões de repasses, R$ 500 milhões em obras nas mais diferentes áreas, para a gente melhorar a vida onde ela acontece, no município – define o secretário de Estado da Infraestrutura, Thiago Vieira.
Outro dia, o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB), que já teve em um passado recente dificuldades de relacionamento com Moisés, afirmou que ele é “o governador mais municipalista” da história catarinense, recheando a fala com elogios. É nesse tom que a troca de bastão na presidência da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam) vem carregada de um simbolismo.
> MP denuncia motorista por acidente que deixou dois mortos
Continua depois da publicidade
Fecam tem eleição no fim do mês
No próximo dia 31 será eleita a nova diretoria da entidade. O atual presidente, Clenilton Pereira (prefeito de Araquari), poderia buscar mais um mandato. Optou por passar a presidência adiante. Feitas as consultas no grupo, chegou-se ao nome do prefeito Jorge Koch (MDB), de Orleans. Clenilton que é do PSDB, partido de Clésio Salvaro, bastante próximo de Moisés ultimamente.
– Já somos parte da gestão desde o início do ano passado. Temos um grupo de prefeitos, o presidente teria condições de buscar mais um mandato, abriu mão, disse que já fez a sua parte. Levantamos outros nomes em nosso grupo, eu como tesoureiro atual assumi a condição de candidato do grupo para a gente continuar os trabalhos desenvolvidos até agora – defendeu Koch, que está em segundo mandato na cidade de 22 mil habitantes na região carbonífera.

> Furto de palmito acaba em prisão por cultivo de maconha em SC
A atual diretoria promoveu algumas mudanças substanciais na Fecam, que geraram desgastes. – Não seria justo entrar no começo do ano, fazer mudanças radicais, sofrer críticas e agora, quando enxugamos a casa, houve demissões necessárias, houve mudança estrutural na Fecam, não tem razão de não continuar esse nosso trabalho – ponderou o prefeito de Orleans. – A nossa candidatura é para representar a continuidade dos trabalhos da Fecam – emendou.
Continua depois da publicidade
Chance de chapa única
O prefeito Clézio Fortunato (MDB), de São João do Itaperiú, na região Norte, se lançou para a presidência da Fecam. Gravou vídeos pedindo apoios com o senador Dario Berger e os deputados Carlos Chiodini e Celso Maldaner e vem se movimentando. Tem, em seu entorno, apoiadores que fizeram parte de gestões anteriores.
Mas a Fecam tem histórico de aclamações e, pela envergadura que a atual gestão está conferindo à candidatura de continuidade de Jorge Koch, com o total aval do prefeito Clenilton, é difícil que não haja uma composição até o fim do mês resultando em chapa única. A leitura é que Clézio não tem a quantidade de apoios internos nem externos à entidade para consolidar uma candidatura própria.
A questão geográfica é outro fator que pesa a favor de Koch e contra Clézio. – Nós somos do Sul. O atual presidente é do Norte. E há um outro colega nosso que vai aparecer entre outros candidatos, para lançar nome e lá na ponta saiam uma ou duas chapas. O colega ser oposição a nós, é um direito dele, mas ele é do Norte, a mesma região do atual presidente. E nós vamos buscar trazer essa presidência para o Sul – relatou o prefeito de Orleans.
Continua depois da publicidade
> Petrobras sobe preços da gasolina e do diesel nesta quarta-feira
Municipalismo: o discurso e a prática
Retomando a questão municipalista, está óbvio que esse será o grande mote da campanha de Carlos Moisés à reeleição. E a possibilidade de um possível aliado presidir a Fecam ajuda, e muito.
Mas o prefeito Jorge Koch é comedido a respeito. Próximo do deputado Luiz Fernando Vampiro, um dos aliados mais próximos de Moisés na Alesc e secretário de Educação, Koch imagina que o governador vá se filiar no Avante, ou em algum partido do mesmo porte, menor, para alocar os seus correligionários, e buscar o MDB para indicar um candidato a vice-governador.
– Até agora o MDB, pelos deputados estaduais, tem dado toda a sustentabilidade na Alesc. Vamos esperar que o governador tome sua posição partidária e leve com ele as pessoas que são fieis ao seu governo – comentou Koch. – Eu defendo que o MDB tenha um candidato – sublinhou.
> Entenda como a forte onda de calor pode atingir SC
Mas dai vem o discurso do municipalismo, e quem sabe com o MDB no meio, a aproximar Fecam e Carlos Moisés, na medida em que o governador antevê nos prefeitos (ou na maioria deles), cabos eleitorais em potencial, motivados que estão pela adição de recursos dos últimos meses. Os do MDB da região de Araranguá, por exemplo, lançaram uma carta na última sexta-feira (7) hipotecando apoio à candidatura do governador à reeleição. Assinam a carta os prefeitos de Araranguá, São João do Sul, Jacinto Machado, Ermo e Sombrio.
Continua depois da publicidade

– A maior reivindicação é mais município e menos Estado. Mais município e menos Brasil. É o que nós prefeitos brigamos a vida inteira, brigamos por essa pauta municipalista – enfatizou Koch. – A Fecam seria a mãe das nossas 21 associações de municípios, e congrega essas associações responsáveis pelos 295 municípios catarinenses – observou.
O prefeito de Orleans argumenta que há prefeitos mais distantes dos centros de poder que estão muito isolados e carentes de informação, e a intenção é aproximá-los das oportunidades de buscar recursos para seus municípios. – Nossa pauta é buscar consensos com o Estado, buscar a divisão igualitária de recursos, nos municípios estão os problemas, o Estado e a União ficam com o bolo maior, para nós é sempre com o pires na mão. Os prefeitos por vezes são muito isolados, recebem poucas informações das associações, e a Fecam é responsável por isso – avaliou.
> Lançada a obra de R$ 10 milhões para superar desastre ambiental no Sul de SC
Jorge Koch encerra no próximo dia 27 seu mandato na presidência da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec), que será repassada a um prefeito do PSDB: ou Rogério Frigo (Nova Veneza), ou Franqui Salvaro (Siderópolis) ou Clésio Salvaro (Criciúma).
Leia também:
> Criciúma registra o primeiro óbito por Covid em 2022
> Presidente ou presidenta? Vereadores de Criciúma resgatam antigo debate
> Homem nu é flagrado caminhando na principal avenida de Criciúma