Pegamos carona na foto do colega Ricardo Wolffenbuttel, da Corrida da Ponte Hercílio Luz, no começo do mês, para apontar os números que estão no horizonte de Carlos Moisés (hoje, sem partido). Afinal, ele precisará de uma dezena para ser candidato a governador e tentar alcançar a almejada reeleição daqui a 278 dias, em 2 de outubro de 2022. Um fato é certo: será um número diferente do 17 que o levou à vitória na onda Bolsonaro.
Continua depois da publicidade
> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp
O 10 é do Republicanos, o 70 do Avante e o 20, do PSC. O primeiro e o último possuem forte influência em igrejas evangélicas, mas contam com metas políticas bem claras: eleger deputados. E ter o governador no barco ajudaria, e muito. Os convites já foram feitos. Hoje, dormitam na gaveta. O Avante é a bola da vez, encaixaria no desejo de Moisés (de gosto duvidoso e arriscado) de ter um partido para chamar de seu e, assim, não afugentar os filiados aos grandes que já vem lhe apoiando.
Mas tem uma trinca de legendas de maior porte também nesse leque do governador. Parte considerável do MDB segue com o 15 de portas abertas, principalmente a partir da pressão dos seus deputados estaduais. O PP, idem, tanto por deputados quanto por prefeitos, entusiasmados com as verbas abundantes e as obras lançadas. Eles querem votar em Moisés digitando 11. E o PSDB articula silenciosamente, e corre por fora para, quem sabe, cravar o 45 com Carlos Moisés na cabeça.

> SC tem novos casos confirmados da variante Ômicron da Covid
Continua depois da publicidade
Prefeitos do PP com Moisés
Praia Grande, no extremo Sul catarinense, tem 7,3 mil habitantes. Pedras Grandes, vizinha de Tubarão, conta com 4,1 mil moradores. Naturalmente, não têm eleitorado para decidir uma eleição ao Governo do Estado. Mas partem dessas duas pequenas cidades indicativos ainda mais evidentes daquela divisão do Progressistas para a disputa de 2022 apontada pelo colega Ânderson Silva em postagem neste domingo (26).
– O partido pode ter candidato, mas uma coisa que eu aprendi na vida é a ser grato – avisou o prefeito Elisandro Machado, o Fanica (PP), de Praia Grande. – Eu já declarei e não volto atrás – afirmou, informando que votará em Carlos Moisés (sem partido) para governador. Independente do partido no qual ele se filiar.
Repetindo o discurso de muitos prefeitos progressistas, Fanica sublinha que gostaria de ver Moisés no PP. – Temos um compromisso com o partido, torcemos para estar junto com o governador na eleição, nesse projeto para o Estado, é o objetivo da gente. Vamos tentar isso – enfatizou.
> No extremo Sul, governador lança novo acesso pavimentado ao RS
Mas tem uma questão clara: o PP, que tinha três pré-candidatos a governador, viu o prefeito Joares Ponticelli, de Tubarão, sair da raia, e o ex-deputado Jorge Boeira deixar o partido. Restou o senador Esperidião Amin, líder maior da sigla. – Eu respeito a opinião do partido, de ter um candidato, acho até que, se caso não tiver um acerto, é o caminho, mas a minha posição particular eu já defini pelo reconhecimento que estamos tendo – respondeu o prefeito de Praia Grande.
Continua depois da publicidade

> Em SC, Bolsonaro diz que filha não será vacinada contra a Covid
Fanica tem na ponta da língua duas razões para ser cabo eleitoral de Moisés em 2022: os anúncios de obras históricas para o extremo Sul, que são a pavimentação da SC-290, na Serra do Faxinal, ligação de Praia Grande com o Rio Grande do Sul que encontra-se em fase de licitação, e a pavimentação da SC-108, uma estrada de mais de 30 quilômetros até a vizinha Jacinto Machado, um investimento superior a R$ 70 milhões. – Difícil a gente virar as costas para um governo que está olhando com um olhar tão especial para a gente – defende o prefeito. – É uma situação complicada mas é o coração, é a gratidão, não tem como mudar – argumenta.
Muito antes do prefeito de Praia Grande, o colega de Pedras Grandes já havia disparado o apoio a Moisés. Agnaldo Filippi (PP) anunciou ainda no fim de outubro que seu candidato é o atual governador. – Por tudo o que ele está fazendo pelo Sul, não podemos virar as costas para ele – diz. Filippi recebeu, de Moisés, apoio para um antigo pleito da cidade, a pavimentação da Rodovia da Imigração Italiana, que liga o Centro da cidade ao distrito de Azambuja e, em seguida, à vizinha Urussanga.
O alinhamento já contaminou o discurso. Tanto que Filippi usou um termo cada vez mais batido por Moisés e que, certamente, será bandeira na eleição: municipalismo. – Por ser daqui do Sul, o governador já tem um olhar especial para a região. A gestão municipalista do Moisés tem trazido desenvolvimento. É óbvio que a reeleição dele será benéfica – dispara, sem cerimônias.
Continua depois da publicidade

Um detalhe que ajuda a justificar o apoio entusiasmado de prefeitos do PP do Sul é que eles fazem parte da base de apoio do deputado José Milton Scheffer, que é progressista e líder do Governo Moisés na Assembleia Legislativa (Alesc). Das três cadeiras do Progressistas na Alesc, duas são governistas: Scheffer e Altair Silva, enquanto João Amin, por razões óbvias, alinha-se à pré-candidatura do pai a governador.
> A jornada do macaco bugio que atravessou o Centro de Criciúma
PP, MDB e até o Avante
Mas o PP vive um dilema semelhante ao do MDB: a escolha do destino de Carlos Moisés. O governador segue investindo na ideia de filiar-se a um partido pequeno, para ter o controle da sigla e conseguir manter os apoiadores de partidos maiores sem sangrias. Mas, por outro lado, cria a dificuldade de atrair um MDB, por exemplo, para indicar um vice caso Moisés filie-se ao Avante.
Essa é uma situação posta, que está em pauta, é concreta. Moisés estuda o convite e vem gostando da ideia de aparecer na urna com o número 70. Conversou outro dia com dirigentes estaduais e até com o presidente nacional do antigo PTdoB. Enquanto Moisés colava em Bolsonaro em 2018, o Avante apoiava a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à presidência. Em 2020, o partido elegeu um vereador em Criciúma, o pastor e jornalista Obadias Benones, mas continua uma sigla pequena em nível estadual. Tem, conforme os dados de novembro do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), 2.515 filiados em Santa Catarina, ante os 185.931 filiados ao MDB, o maior partido, e os 128.597 do PP, o segundo maior no estado.

Com Moisés no Avante, cristaliza-se um cenário de Antidio Lunelli ser ungido o candidato do MDB, com Esperidião Amin pelo PP e o palco sendo completado por Jorginho Mello (PL) e, talvez, Dário Berger (pelo PSB, na frente de esquerda), Gean Loureiro (União Brasil), Napoleão Bernardes ou Raimundo Colombo (PSD) e, correndo mais por fora, Fabrício de Oliveira (Podemos). Agora, se Moisés atender ao assédio progressista, Amin sai do jogo e Antídio fica mais candidato emedebista, com o jogo invertendo-se caso a opção do governador seja pelo MDB. Daí, é Antidio quem sai de cena, ficando Amin.
Continua depois da publicidade
> Prefeito puxa discussão sobre novo estádio em Criciúma
Tucanos namoram o governador
E há uma outra possibilidade ainda para o governador, que é conversada com frequência nas rodas políticas do Sul. O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, está na coordenação do grupo composto por caciques do PSDB para definir a questão da candidatura tucana ao Governo do Estado. A prioridade, segundo o próprio, é garantir palanque para Gelson Merisio, que segue pré-candidato, mas cada vez mais apagado e distante dos debates. Parece ensaiar uma saída da corrida.
Com os demais nomes internamente apontados apenas como protocolares (Leonel Pavan e o próprio Salvaro), não é de se descartar a sondagem para que Moisés filie-se ao PSDB. As carícias recentes trocadas por Salvaro e o governador sugerem nesse sentido, depois de um bom período às turras entre Moisés e o prefeito da cidade mais importante que o PSDB comanda em Santa Catarina.
O certo é que pouca coisa está certa. É nesse universo de incertezas (o governador nem partido tem ainda) que 2022 chega logo ali.
Leia também:
> SC descarta prescrição médica e vai vacinar crianças contra Covid
> Supermercado na Capital terá que ser demolido depois de incêndio