Era dia 24 pela manhã. A* estava no banho e pensando no que vestir mais tarde, para o jantar de Natal em família. Usaria algumas das várias belas joias guardadas em algumas caixas no closet. Banho concluído, roupas escolhidas, veio o choque: “cadê as joias?”. Esse foi o start de um verdadeiro escândalo que vem agitando as últimas semanas de algumas das famílias mais abastadas de Criciúma.
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Ao procurar alguns de seus anéis de brilhante, de seus brincos de ouro, A* foi percebendo o tamanho do problema. – Faltavam 23 peças de ouro e 10 semijoias -. De pronto, ela acionou a diarista, que tinha livre acesso às suas casas (em Criciúma e no Balneário Rincão), havia mais de um 1 ano. – Eu confiava nela, mas, precisava perguntar -. Não houve resposta. Somente R* calcula que teve um prejuízo entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. – É que além das joias ela levou bolsas, perfumes e até tênis e roupas de cama – referiu.
Acontece que a Polícia Civil já havia recebido, por aqueles dias, outras denúncias semelhantes. De outras clientes de perfil parecido. De famílias ricas, bem situadas socialmente e “de onde alguém com acesso às casas poderia levar algo”, como apontou outra das vítimas. Em comum? A diarista. Ou seja, além dos cerca de R$ 200 mil levados da casa de A*, o prejuízo é muito maior, já que há outras famílias envolvidas. As investigações avançaram entre a última semana de 2021 e as primeiras de 2022 até que, na última sexta-feira (7), houvesse a emissão de um mandado de prisão.

Depois de algumas buscas sem sucesso, a diarista foi presa preventivamente na última terça-feira (11) e confessou os crimes. Em nota, o delegado José Rogério de Castro Filho, que preside as investigações, confirmou que “as sete vítimas identificadas até o momento relataram o mesmo modo de execução dos crimes: contratavam a investigada para prestar serviço de limpeza em suas residências e, um tempo depois, se davam conta do desaparecimento de joias e outros objetos de valor que possuíam”.
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O delegado informou, ainda, que as joias eram vendidas pela diarista em estabelecimentos que compram metais preciosos por peso. Pelo menos dois desses locais já foram identificados e alguns dos itens foram recuperados. – Eu consegui de volta até agora apenas um anel e um brinco. E estão deformados, amassados. Houve o caso de um anel de esmeralda que ela arrancou a esmeralda e só vendeu o metal por causa do ouro. Muitas das joias minhas levadas tinham um grande valor afetivo. Ela levou, por exemplo, uns anéis muito caros que eu comprei na Itália, assinados por um estilista de grife – conta a ex-patroa lesada pela diarista.
Ela relata, ainda, episódios dos últimos dias de trabalho da mulher na sua casa que ajudaram a consolidar as desconfianças. – Ela insistia muito para eu sair. Eu fiz uma cirurgia faz poucos dias, na boca, e estava em recuperação. E ainda assim ela ficava insistindo para eu ir fazer compras, para eu ir ao shopping. E eu nem queria sair – destaca. – Outro dia, notei que ela ia com uma mochila para o trabalho. Ela dizia que era para carregar os seus panos, que ela gostava de usar os seus próprios panos. Depois, entendi que era para levar os objetos todos – comenta.
A Polícia Civil localizou vários itens de A* e das outras vítimas na casa da autora, que foi presa ainda na terça-feira e encaminhada ao Presídio Santa Augusta, em Criciúma. Ela já tem outras passagens policiais. Há cerca de duas décadas, chegou a estar presa por delito semelhante contra outras clientes, também enquanto diarista, mas prestou serviços comunitários e conseguiu livrar-se da pena.

– No último dia que ela trabalhou na minha casa, dia 23, na hora de ir embora, ela me pediu R$ 175 emprestados para, segundo ela, comprar o presente de Natal do pai. Disse que me pagaria em serviço depois. Fiquei com pena e dei o dinheiro para, no dia seguinte, perceber a quantidade de joias que ela levou da minha casa – conclui A*.
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