Em 25 de fevereiro de 1938, quando o menino Fúlvio nasceu, o pai Cincinato era ex-prefeito de Cresciúma (assim se grafava o nome da cidade na época). Em 1º de janeiro de 1997, quando Maria Dal Farra Naspolini assumiu como vice-prefeita de Criciúma (a grafia mudou para a atual em 1944), o seu marido Fúlvio contava 58 anos e era pai de três filhos.
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O Fúlvio Naspolini, que narrou futebol na Rádio Eldorado entre os anos 50 e 60 com lendas da crônica regional, como Clésio Búrigo e Milioli Netto, morreu no último sábado, aos 83 anos, na Criciúma onde sempre viveu e que tanto amou. Ele também escreveu sobre esportes, por anos a fio, no jornal Tribuna Criciumense.

Filho, esposo e cunhado de políticos
Ele teve a política em casa, já que nasceu caçula de sete filhos da união do ex-prefeito Cincinato Naspolini com Florença Bez Batti. Dos seus irmãos, apenas Holmes, ultrapassando os 90 anos, segue entre nós. Já partiram Haidée, Haiti, Gília, Hilda e Zulma. Cincinato foi o segundo prefeito da história de Criciúma, entre 1930 e 33. Sucedeu o pioneiro Marcos Rovaris e deu lugar a Elias Angeloni, cinco anos antes de Fúlvio nascer.

Por intermédio da sua irmã Zulma, veio outro fato que reforçou a presença política na família. Ela casou-se em 1951 com o então jovem, dinâmico e promissor alfaiate Algemiro Manique Barreto, que não muito depois tornaria-se próspero comerciante, empresário e prefeito de Criciúma, além de deputado estadual.
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A essa altura Fúlvio já acumulava a condição de filho de um ex-prefeito com a de cunhado de outro prefeito. Zulma, a irmã de Fúlvio, foi uma grande líder da benemerência e da ação social em Criciúma. Ela faleceu em 2014.
O casamento
E veio o casamento de Fúlvio com a professora Maria Dal Farra, de Siderópolis. Da união do casal nasceram os filhos Samira (advogada e professora universitária), Susana (jornalista da TV Globo, no Rio de Janeiro) e Samuel (promotor, secretário geral do Ministério Público em Santa Catarina).

Pois quis o destino que Maria também enveredasse pela política. Ela foi a segunda mulher eleita vereadora na história de Criciúma, conquistando 1.130 votos pelo PSDB na eleição de 1992. No pleito seguinte, ela se torna a única mulher na história da cidade a conquistar, pelas urnas, mandato no Executivo. Elegeu-se vice-prefeita na chapa encabeçada por Paulo Meller (PMDB). A esposa de Fúlvio é, então, a única mulher em um ambiente de 12 vice-prefeitos que Criciúma já elegeu desde 1970.

Antes disso, em 1985, o pai de Fúlvio, Cincinato, faleceu aos 92 anos.
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A relação com as praças
Além da política (marido da única vice-prefeita da história, filho mais novo do segundo prefeito de Criciúma e cunhado de outro importante ex-prefeito, Algemiro, falecido em maio de 2016), Fúlvio Naspolini teve relação com as praças de Criciúma.
Acontece que quando ele nasceu estava criada, havia pouco mais de cinco anos, a Praça Nereu Ramos, obra de seu pai. Cincinato, quando prefeito, empreendeu grande luta para dar a Cresciúma (lembrando a grafia vigente até 1944) uma praça central. Não foi fácil, já que o terreno no coração da pequena vila tornada município em novembro de 1925, tinha proprietários, e ali se jogava futebol e animais pastavam. Mas entre 1931 e 33 o prefeito Cincinato conseguiu delimitar os lotes e desenhar a praça nos moldes que existem até hoje. Fúlvio foi, também, um “irmão” da Praça Nereu Ramos.

Muitos anos depois, entre 2009 e 2011, o pai de Fúlvio, falecido havia mais de duas décadas, voltou aos noticiários. Ocorre que um terreno, vizinho ao Criciúma Shopping, era a Praça Cincinato Naspolini, um espaço acanhado e pouco utilizado, que acabou incorporado ao shopping.
Com os recursos dessa transação, que gerou muita polêmica à época, o prefeito Clésio Salvaro, em seu primeiro mandato, iniciou o Parque das Nações, no mesmo bairro, perto dali. Em 2011 ele foi inaugurado, com extremo sucesso e recuperando o nome de Cincinato Naspolini, para alegria de Fúlvio e seus irmãos, filhos e demais parentes. Em setembro, o parque completará dez anos.
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Os problemas de saúde e a morte
Fúlvio Naspolini sofreu um acidente de trânsito em 1985, em Laguna, ocasião em que ficou debilitado. O episódio culminou, tempos depois, com uma dificuldade de locomoção, e ele contou sempre com a parceria da esposa e parentes próximos. Há 15 dias, outro transtorno: por um tombo em casa, fraturou o fêmur e precisou ser hospitalizado. Convalesceu nas últimas semanas até falecer neste sábado, aos 83 anos.

Partiu deixando uma grande história, resumida pela prefeitura de Criciúma na nota de pesar divulgada:
A Administração Municipal de Criciúma lamenta esta perda irreparável e externa suas condolências à família neste momento tão difícil, e reforça, em nome do município de Criciúma, gratidão por todo legado deixado para a comunidade de Criciúma, região Sul, e estado de Santa Catarina.