A conclusão da pavimentação da BR-285 é uma luta antiga no extremo Sul de Santa Catarina. – Uma luta de 70 anos – conta o prefeito de Timbé do Sul, Roberto Biava. Agora, poucos meses separam a região de ver o sonho finalmente realizado. A expectativa é de conclusão do trecho de 22,4 quilômetros, entre a área urbana de Timbé do Sul e a divisa com o Rio Grande do Sul, até o fim do primeiro semestre de 2023.

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Diante disso, ganha corpo outra batalha: a que visa federalizar todo o trecho catarinense da BR-285. Hoje, é jurisdição federal apenas esses 22,4 quilômetros que contarão inclusive, no trajeto da Serra da Rocinha, com um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os demais 33,4 quilômetros entre o pórtico de Timbé do Sul e o acesso à BR-101, na comunidade de Sanga da Toca, em Araranguá, estão cedidos pela União à gestão do Governo do Estado.

– Já está sedo construída uma unidade da PRF, quando essa unidade estiver pronta e as obras na Serra da Rocinha também, toda a BR-285 passará à circunscrição federal. Hoje são em torno de 20 quilômetros da PRF e o resto com a Polícia Militar – confirma o chefe de Comunicação da PRF SC, Adriano Fiamoncini. – Essa federalização do trecho todo deve acontecer até meados do ano que vem – acentua, mencionando os 55,8 quilômetros que conectam a BR-101 ao alto da Serra da Rocinha, no acesso ao Rio Grande do Sul.

Mas em Timbé do Sul não há essa segurança ainda. – Estou indo na próxima terça-feira ao Dnit para falar de novo disso e também da iluminação no trecho da Serra da Rocinha. A federalização da entrada de Timbé até Araranguá não está certa ainda – pondera o prefeito Roberto Biava, que acompanha de perto toda a obra na rodovia no seu município.

Além da busca de recursos para iluminar e de garantir a gestão federal do trecho hoje estadualizado da BR-285, o prefeito de Timbé do Sul não esconde a preocupação envolvendo municípios vizinhos. Ocorre que as cidades de Turvo e Ermo, que são cortadas em suas áreas centrais pela BR-285, receberão grande volume de veículos a partir da inauguração da rodovia.

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Cálculos apontam que de 3 a 5 mil veículos descerão a Serra da Rocinha diariamente do Rio Grande do Sul em direção a Santa Catarina. Desse volume, cerca de 500 deverão ser caminhões com destino ao porto de Imbituba. – E isso todo dia, passando pelo Centro de Turvo e Ermo, essas cidades serão muito impactadas – reflete o prefeito de Timbé do Sul. – Com o tempo, desvios terão que ser feitos. Timbé do Sul acertou isso antes da obra, e ganhamos um contorno viário – destaca Biava. As lideranças da região imaginam que a federalização será importante para ajudar a viabilizar, mais adiante, soluções para o tráfego pesado que cortará os municípios entre Timbé do Sul e Araranguá.

O andamento das obras

A expectativa original do Governo Federal era de conclusão da BR-285 no fim de 2019. A previsão foi sendo adiada ano após ano. No caminho, falta eventual de recursos e questões técnicas, como o excesso de chuvas que atrasaram obras na região. O então ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, chegou a anunciar algumas vezes a inauguração da rodovia, com aval do presidente Jair Bolsonaro, mas as metas não foram cumpridas.

– No trecho catarinense falta 1 quilômetro de obra. O recurso existe para ir até o fim, hoje temos um volume razoável de máquinas trabalhando, são quatro caminhões, uma escavadeira, quatro perfuratrizes e em torno de 35 pessoas – explica Biava, que visitou o canteiro de obras nesta semana. A dificuldade maior encontra-se no trecho gaúcho. São 7 quilômetros a pavimentar entre a divisa com Santa Catarina e o município de São José dos Ausentes. – Essa parte começou faz 30 dias mas há uma grande ponte de 400 metros de extensão e 60 metros de altura a executar. Vai demorar por lá – observa.

Projeta-se que a parte gaúcha estará pronta em 2026, quando então os 673,1 quilômetros da BR-285 entre Araranguá e São Borja (RS) contarão finalmente com asfalto de ponta a ponta.

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