O almoço entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), tornado público na última sexta-feira (20) nas redes sociais do petista e ocorrido na semana anterior, segue repercutindo. O encontro, na casa do ex-ministro Nelson Jobim, em São Paulo, contou com “muita democracia no cardápio”, como sublinhou Lula na sua postagem sobre a conversa com o tucano.
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Não é tão simples “nacionalizar” o discurso de FHC. Ele aponta que o PSDB terá candidato a presidente, que contará com o seu apoio, mas que se o eventual segundo turno da eleição presidencial de 2022 for entre Jair Bolsonaro (sem partido) e Lula, FHC votará em Lula. Essa tese vem encontrando diversas resistências.
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Em Santa Catarina não se imaginava algo diferente. Há rivalidades locais e regionais bastante agudas entre tucanos e petistas. Na última eleição municipal, no ano passado, o PSDB elegeu 32 prefeitos em Santa Catarina. O PT, 11.
Principal prefeito tucano de SC se manifesta
Das cidades administradas por tucanos no estado, a maior é Criciúma. E veio de Criciúma, neste domingo, uma reação ao gesto entre FHC e Lula. O prefeito Clésio Salvaro, que está em segundo mandato e nos bastidores é colocado como um dos nomes do partido para composições majoritárias na eleição do ano que vem, fez uma crítica direta a FHC. Por sua rede social, Salvaro grifou um “PT nunca mais!”. O tucano defende que é preciso “lutar pela despetização do Brasil”. E arrematou com um recado claro a FHC: “não conte comigo!”.
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No cenário municipal, Salvaro é um ferrenho oponente dos petistas. Nas eleições presidenciais, sempre esteve alinhado aos tucanos, mesmo em má fase como na eleição passada, quando Geraldo Alckmin (PSDB) conferiu o pior rendimento da história tucana em disputas pelo Palácio do Planalto. Sem muito alarde, apoiou Bolsonaro contra Fernando Haddad (PT) no segundo turno.
Prefeito próximo da presidente estadual
Cabe lembrar que o prefeito de Criciúma é muito próximo da atual presidente estadual do PSDB, a deputada federal Geovania de Sá. Ela surgiu para a política com Salvaro, como secretária municipal de Assistência Social e, depois, de Saúde, em gestões do tucano. Com o aval de Salvaro, Geovania foi a vereadora mais votada de Criciúma em 2012, com 5,6 mil votos, e chegou à Câmara Federal em 2014, garantindo segundo mandato em 2018.
Salvaro é entusiasta de candidatura própria do PSDB à presidência em 2022. Ele tem bom trânsito com o governador João Doria, com quem já esteve algumas vezes em São Paulo. Em uma dessas conversas na capital paulista, em outubro de 2019, o prefeito ouviu de Doria que “o PSDB passaria por grande renovação em seu comando e que se definiria como um partido de centro”. Nessa conversa, Geovania esteve com Salvaro no Palácio dos Bandeirantes.

Mas não muito depois, já em pleno vigor da pandemia de Covid-19, Salvaro não poupou críticas a Bolsonaro e Doria. Disse que era momento de trabalho em conjunto de todas as forças políticas pela saúde da população e, enfaticamente, afirmou que “estão misturando política, em um momento tão difícil”. “Discordo do presidente e também discordo do João Doria”, emendou, em março de 2020.
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“Criciúma vai vencer”, diz Clésio Salvaro sobre a pandemia
Sobre concorrer em 2022, Salvaro cultiva um não comentado publicamente sonho de chegar ao Governo do Estado. Mas, sempre que questionado, responde de pronto que concluirá seu mandato de prefeito em 2024. Mas há indicativos de que o caminho pode ser outro. Salvaro já esteve em reuniões com Jorginho Mello (candidatíssimo a governador pelo PL) e tem bom trânsito com líderes do PP e PSD, e não seria surpresa se o prefeito fosse uma alternativa tucana a algum palanque estadual no próximo ano.
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