Em quatro dias, dois animais cujas espécies são seriamente ameaçadas de extinção no Brasil foram encontrados mortos às margens da mesma rodovia em Criciúma. — E separados por apenas 600 metros um do outro, os pontos onde foram encontrados mortos — lamenta Vitor Bastos, estudante de Biologia e que mantém a página @faunativacriciuma nas redes sociais, pela qual acompanha o panorama da fauna no sul catarinense.
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O segundo caso veio à tona nesta terça-feira (18) e envolveu um gato-do-mato-pequeno, um leopardus guttulus, que foi atropelado na Rodovia Otávio Dassoler, no Bairro Linha Batista. — Ele é considerado uma espécie em extinção, ele é o menor felino silvestre da América do Sul e tem alvo valor biológico — acentua Vitor. O estudante aponta que a presença desse animal junto à mata nativa de Criciúma sinaliza para a boa preservação do local. — É sinal que essa mata possui bom grau de preservação e regeneração — reforça.
No último dia 14, um gato-maracajá foi localizado em circunstâncias semelhantes, vítima de atropelamento na mesma região da cidade. Uma das razões dos atropelamentos é que esses animais buscam alimentação nas redondezas, e acabam cruzando a rodovia. — Essa fragmentação de áreas de floresta atlântica, cortadas por rodovias, casas e fazendas, os animais procuram comida em outras áreas. Um gato como esse que encontramos ontem chega a andar 5 a 10 quilômetros por dia em busca de comida na mata — observa Vitor.
Mais de 400 hectares
O estudante lembra que a região onde estão ocorrendo os atropelamentos fazem parte de um dos ambientes mais preservados do sul de Santa Catarina. — Essa área, entre a Rodovia Otávio Dassoler, ainda em Criciúma, e parte dos municípios de Cocal do Sul e Morro da Fumaça, compõe 400 hectares de uma das áreas mais preservadas da região. É o equivalente a mais de 400 campos de futebol, em área de mata de baixada, onde tem muitos mamíferos e aves, em uma fauna muito rica, e com espécies muito raras — salienta.
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O que fazer
Medidas estão sendo estudadas pelos ambientalistas que acompanham a situação desses animais para mitigar possíveis novas perdas. — Deixando alimentos nas margens das estradas e pedindo aos motoristas que aumentem a atenção ao dirigir por ali, e tentar colocar uma sinalização também, alertando para o trânsito de animais silvestres nesses locais, tudo isso seria importante — finaliza Vitor.