Em um dos mais gabaritados apartamentos da Praça do Congresso, área nobre e de IPTU mais elevado de Criciúma, o governador Carlos Moisés (PSL) jantou com um grupo de pesos pesados do empresariado regional nesta quinta-feira (20). Seria um encontro ocasional, não fosse o pano de fundo envolvido.
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O clima foi positivo. Bons vinhos servidos e um menu de encher os olhos. — Ele gostou tanto do bacalhau que servimos, que reconheceu que pouco comeu dos outros pratos — contou o chef Saimon Novack, que assinou a sequência caprichada de pratos servidos a Carlos Moisés e demais convidados.

O grupo de empresários que recebeu Moisés, liderado pelo anfitrião Alexandro Willemann da Silva, procurou fugir das questões políticas na conversa. Em pauta, a economia regional. — Foi exposta a potencialidade das empresas aqui da região. O governador reconheceu e apontou que o sul contribui muito para o desenvolvimento de Santa Catarina — contou um dos presentes.
Clima de campanha conduz Carlos Moisés em agendas pelo Sul
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Apoio ao empresariado
Carlos Moisés garantiu o empenho do Estado na concessão de mais recursos para as empresas impactadas pela pandemia de Covid-19. — O Refis será retomado e ampliado. Vamos abrir novas linhas de crédito, com uma injeção grande de recursos. Vamos subsidiar. Precisamos gerar empregos, distribuir renda e riqueza, e isso depende da saúde das empresas — afirmou.
Mas o governador ponderou que nem todo empresário poderá acessar esses benefícios. — Não vamos amparar maus pagadores, mas sim focar nas empresas de crédito, que geram resultados e que enfrentam grandes dificuldades — emendou.
A conversa com o presidente da Eliane
O próprio Moisés lembrou sobre frutos de conversas com empresários da região. Nesta quinta, durante o evento no qual entregou a ordem de serviço para a conclusão da SC-442, entre Cocal do Sul e Morro da Fumaça, o governador veio com essa memória. — Recordo que estava em Nova Veneza, para lançar umas obras lá, e fui procurado por um empresário — observou. Ele se referia a Édson Gaidzinski Júnior, então presidente da Eliane Revestimentos, que estava sendo negociada com a norte-americana Mohawk, transação que se concretizou naquela mesma época, meados de 2020.
Nesse bate papo, em setembro de 2019, foi plantada a semente para o desfecho desta quinta, quando foram autorizadas como obras de R$ 8 milhões em duas extremidades da rodovia: um trecho de 762 metros diante da unidade industrial da Eliane, em Cocal do Sul, e outro de 3,2 quilômetros no distrito de Estação Cocal, no vizinho município de Morro da Fumaça.
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Eliane é fundamental para Cocal do Sul
Essa obra da SC-442 é importante também para sublinhar a importância que a Eliane, uma das principais marcas do segmento de revestimentos cerâmicos no Brasil, tem para a economia de Cocal do Sul. A empresa é a maior empregadora do município, gera grande parte do retorno tributário que mantém a cidade, e Cocal do Sul gira em torno da Eliane. Houve algum temor na cidade quando da venda para a Mohawk, mas os norte-americanos não só mantiveram a unidade de Cocal do Sul como estão investindo no incremento da infraestrutura da planta industrial no sul catarinense.

Obra vai representar segurança
A pavimentação da SC-442 começou ainda no governo Raimundo Colombo (PSD). Em 2017 ganhou volume a mobilização da região pela conclusão da rodovia, que se encontrava a essa altura pavimentada como está agora. Faltavam a etapa diante da Eliane, bastante esburacada, e o chamado contorno de Estação Cocal. O distrito é cortado ao meio pela rodovia, e como o investimento agora lançado por Carlos Moisés, o tráfego pesado de caminhões será desviado.
— Isso vai colaborar muito com a segurança dos moradores de Estação Cocal, e vai fazer o tráfego pesado de caminhões chegar com tranquilidade à SC-445 — lembrou o secretário de Estado da Infraestrutura, Thiago Vieira.
Preocupação com o carvão
O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB), conversou com o governador na manhã desta sexta-feira (21), sobre a situação do segmento carbonífero. Há grande preocupação no setor sobre uma possível desativação da Usina Jorge Lacerda, geradora de energia localizada em Capivari de Baixo e que opera com a queima do carvão extraído e comercializado pelas carboníferas da região de Criciúma.
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— É um segmento que mexe com 27 mil empregos e bilhões de reais na nossa economia. O senhor determinou ao Buligon (Luciano Buligon, ex-secretário do Desenvolvimento Econômico Sustentável) que fizesse o Plano Estadual do Carvão. O plano está pronto, o senhor receberá nos próximos dias — anunciou Salvaro.

Em resposta, o governador prometeu apoio aos empresários do carvão, mas com um porém. — No fim de junho vence o prazo para que o Ministério de Minas e Energia receba, via comissão especial montada para esse fim, a política para o carvão na crise, com regramentos e subsídios. Precisamos trabalhar alinhados com o Governo Federal, não temos competência para legislar sobre o solo, mas estamos atentos para oferecer amparo, tecnologia e desenvolver toda essa cadeia para que os empregos sejam mantidos — finalizou.
A jornada de Moisés no sul catarinense, que começou na tarde desta quinta em Cocal do Sul, será concluída na tarde desta sexta em Araranguá. Nas próximas horas, ele terá mais contatos com lideranças e políticos da região.
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