Há um impasse no ar que assusta milhares de trabalhadores e uma cadeia econômica histórica para parcela importante do Sul de Santa Catarina. É que segue mantida a previsão da Engie Brasil para desativação escalonada do Complexo Termelétrico de Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, até 2025.

Continua depois da publicidade

> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp

A decisão dos gestores foi anunciada em dezembro de 2020 e atende a uma nova estratégia da Engie, que está focando em energias renováveis e limpas, em vez de promover a queima de carvão mineral. Ocorre que a usina responde pela compra de 99% do carvão produzido em municípios vizinhos a Criciúma. O setor gera 20 mil empregos diretos e indiretos e movimenta mais de R$ 5 bilhões na economia regional.

Ex-presidenciável comenta situação

Há uma série de tratativas em andamento para viabilizar uma saída: criar condições para que um interessado invista na aquisição do complexo e garanta a manutenção das atividades por mais alguns anos, até que uma alternativa seja alcançada. Do outro lado, estão os ambientalistas, a favor do fim da mineração de carvão.

Neste sentido, o ex-deputado federal Eduardo Jorge, que foi candidato a presidente da República em 2014 pelo Partido Verde (PV) e vice em 2018, ainda filiado ao PV, na chapa encabeçada por Marina Silva (Rede), manifestou-se há poucos dias pelas redes sociais. 

Continua depois da publicidade

– Santa Catarina. Governo estadual negocia com União Europeia uma transição para mineração de carvão em Criciúma. Precisamos apoiar esta iniciativa. O clima agradece. E o Rio Grande do Sul que ponha as barbas de molho. Mina de carvão nas portas de Porto Alegre, não – postou. Eduardo Jorge tem posição antiga e firme a favor da descarbonização da economia e tocou nesses temas nas campanhas eleitorais que participou. Neste caso, foi a primeira vez que o ex-presidenciável mencionou Criciúma.

> Governador anuncia leilão de energia: uma esperança para o Sul catarinense

Como candidato a presidente, Eduardo Jorge visitou Tubarão em 2014 e, na ocasião, fez questão de ir à maior usina de energia solar do Brasil, que gera 3 megawatts com 19,4 mil painéis em uma área de 10 hectares às margens da BR-101. A Usina Cidade Azul de energia fotovoltaica pertence justamente à Engie Brasil. No local, Eduardo discursou a favor de fontes renováveis, em detrimento da queima de carvão em Capivari de Baixo.

Eduardo Jorge em usina fotovoltaica de Tubarão em 2014
Eduardo Jorge em usina fotovoltaica de Tubarão em 2014 (Foto: Divulgação)

Os últimos passos

A Engie Brasil firmou um protocolo de exclusividade para a venda do Complexo Jorge Lacerda para o grupo Fram Capital, que ainda não efetivou a transação. Um dos impeditivos é a não ampliação, já anunciada pelo Governo Federal, do prazo da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), um pacote de subsídios para a operação da usina que vigora até 2027.

O setor levou ao Ministério de Minas e Energia o pedido para prorrogar a CDE até 2035, o que não foi acatado. Esse curto prazo, aliado a outros incentivos fiscais que estão perdendo efeito. Em nota divulgada na última semana, a Engie Brasil confirmou as dificuldades para fechar o negócio, apontando que o avanço das tratativas depende de “ações junto ao Governo Estadual e Federal” visando resolver questões ambientais e fiscais.

Continua depois da publicidade

Leia também:

> Deputado de SC mostra arma em entrevista: “eu fui ameaçado”

> ZPE em Imbituba: Estado e prefeitura otimistas, comunidade desconfiada

> Os amantes dos pedais em busca de espaço nas estradas do Sul de Santa Catarina