Um animado quarteto de Criciúma e região se dispôs a uma aventura daquelas no último sábado (11): subir a BR-285 em obras entre o extremo Sul catarinense e a divisa com o Rio Grande do Sul. A longa caminhada desafiou a altitude: partiu de cerca de 200 metros do nível do mar nas redondezas da área urbana de Timbé do Sul para os 1.230 metros alcançados no alto da Serra da Rocinha, já no lado gaúcho, em São José dos Ausentes.
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– Saímos do pé da Serra, em Timbé do Sul. Andamos 28 quilômetros para subir e descer. Somando os tempos de paradas, foram oito horas – confirmou a professora Ana Lúcia Pintro, que fez os registros da jornada.
O grupo viu de perto o vai e vem de veículos, cada vez mais crescente e carregado da promessa futura, de um boom que fará saltar a economia e o turismo na região. – É, várias máquinas paravam para nos deixar passar -, detalhou Ana.
Mas nem o peso das obras, com canteiros, caminhões e máquinas circulando, tirou a leveza do passeio dos aventureiros que foram desbravar a BR-285. – Falar que doeu um pouco os pés não é relevante. Falar que eu me emocionei, parece pessoal demais. Desejo que quem olhar essas imagens e sentir vontade de fazer isso, que faça. Pode ser um marco em suas vidas – aconselhou Ana Lúcia, visivelmente empolgada com o que viu.
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A estrada em Timbé do Sul respira história mesclada a dificuldades. No século 18, havia um caminho de tropeiros por ali. Na década de 30 do século passado, a comunidade uniu forças e, em trabalho braçal, abriu a estrada serra acima, em um trabalho de uma década. O movimento pela pavimentação ganhou força nos últimos anos, saindo do papel a partir de 2019.
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Falta pouco para terminar
Há duas frentes de obras ainda em andamento para a conclusão da pavimentação, iniciada em setembro de 2019. Dos 22 quilômetros de pavimento entre o contorno viário de Timbé do Sul e o topo da Serra, 21 estão concluídos. Há apenas trechos descontinuados sem asfalto em pontos mais acidentados que ainda seguem sendo trabalhados. E há as encostas, que estão ganhando reforço em oito pontos para evitar deslizamentos. Nesse reforço estão sendo instaladas cortinas atirantadas e telas de proteção, além do alargamento da pista.
A parte em obras nesses últimos dois anos fica entre os quilômetros 33,8 e 55,8 da BR-285. Em boa parte da Serra da Rocinha foram executados 10 centímetros de base e 22 centímetros de concreto rígido. Nas partes mais baixas, o pavimento é de asfalto.
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O Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) apresenta um cronograma otimista, de conclusão das obras no primeiro semestre de 2022. Haverá um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no trecho, que está sendo construído no quilômetro 39.
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O tráfego na rodovia, enquanto persistem as obras, segue em regime de comboio, nas manhãs e finais de tarde, de segunda a sexta-feira. O Dnit anunciou para o período de recesso dos trabalhos, entre 23 de dezembro e 2 de janeiro, a abertura da BR-285 das 7h às 18h, permanecendo interditada à noite.

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Longa estrada vai até a Argentina
Os 30,4 quilômetros da BR-285 entre Timbé do Sul e São José dos Ausentes eram a última extensão sem asfalto de toda a rodovia, que tem 744,3 quilômetros e liga Araranguá, no Sul catarinense, a São Borja, no extremo Oeste do Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina.
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Embora o otimismo do Dnit, ainda há uma aflição no ar: os recursos. A obra esteve paralisada por um semestre e foi retomada em meados de novembro. Estima-se que o que resta a ser executado custará R$ 41 milhões. No orçamento da União para 20222, estão reservados R$ 13 milhões. Ainda não há respostas sobre a origem e garantia dos demais R$ 28 milhões. Isso poderá colaborar decisivamente para que a BR-285 não seja inaugurada no próximo ano, embora essa seja sempre a meta reiterada pelo ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Inúmeras vezes, ele já anunciou que o presidente Jair Bolsonaro estará presente na inauguração, e chegou a anunciar, ao longo de 2020, que isso ocorreria no segundo semestre de 2021. Não aconteceu.

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O lado gaúcho
A dúvida continua em relação ao trecho que restará sem asfalto na BR-285, nos 8,4 quilômetros da divisa com Santa Catarina até São José dos Ausentes. Estima-se que o trecho terá custo de R$ 72 milhões, e há R$ 12 milhões encaminhados para iniciar os trabalhos.
Embora não tenha os problemas de relevo do trecho catarinense, a estrada, hoje em precário estado e no chão batido, exige a construção de uma ponte de 400 metros, o que torna o projeto mais desafiador. Ainda não há previsão de quanto a obra começará no lado gaúcho, embora a expectativa de que isso possa acontecer em 2022. A licitação ainda não foi lançada.
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