– Eu vejo no governador Moisés e no Governo do Estado um grande parceiro, o mais municipalista de todos os governos -. Essa frase, dita pelo prefeito Clésio Salvaro (PSDB) de Criciúma na manhã desta quarta-feira (5), na Casa d´Agronômica, seria inimaginável há menos de 3 anos. A relação do gestor da maior cidade do Sul e o governador vive seu melhor momento desde 2019, o que é reconhecido pelas duas partes. Como pano de fundo, R$ 219 milhões para investimentos na cidade.
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Carlos Moisés fez uso das redes sociais para retribuir o carinho a Salvaro, que ficou nítido na conversa que contou, ainda, com deputados e secretários de Estado. – Criciúma, que completa 142 anos amanhã, aderiu hoje ao Plano 1000, o maior programa municipalista da história de Santa Catarina – anunciou. – A cidade receberá R$ 219 milhões do Governo do Estado para, sob a liderança do prefeito Salvaro, alavancar a infraestrutura, a mobilidade e o turismo – completou.
Salvaro foi além, reforçando a perspectiva municipalista do atual governo, uma bandeira que a gestão de Moisés vem tentando manter firme, já antevendo a futura campanha eleitoral. – Eu já fui vereador, três vezes deputado estadual, estou no meu terceiro mandato como prefeito de Criciúma e posso assegurar que este é, de longe, o governador mais municipalista de todos – registrou. Detalhe que, com essa fala, o prefeito permite uma comparação com ex-governadores como Luiz Henrique da Silveira, Raimundo Colombo e até o criciumense Eduardo Pinho Moreira.
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– O Estado é um ente jurídico, mas onde as pessoas vivem é na rua, na vila, e o governador Moisés tem essa sensibilidade. Que bom que ele entende isso e que está colocando em prática o discurso – comentou Salvaro. – Todos dizem, serei o governador mais municipalista de todos, mas na prática o Moisés tem feito isso – completou o prefeito de Criciúma.
No passado, viviam às turras
Em março de 2019, três meses depois da posse de Moisés, Salvaro ameaçava romper o contrato da prefeitura de Criciúma com a Casan para a gestão dos serviços de água e esgoto no município. Ele reclamava dos valores das tarifas, pedia mais investimentos na cidade e citava até uma suposta ilegalidade no contrato.
– Salvaro tem os interesses políticos dele que não se alinham com o governo – chegou a dizer Moisés, em junho de 2019. O contrato da Casan com Criciúma estava no meio de uma intrincada negociação, e havia uma guerra pública entre o governador e o prefeito. Chegou ao ponto de, em uma das raras visitas a Criciúma no período, Moisés e Salvaro terem evitado o assunto. E não foram poucas oportunidades em que o governador evitou passar por Criciúma, ou até cumpriu compromissos na cidade sem ir à prefeitura.
Em setembro de 2019, ainda sob os efeitos dos conflitos envolvendo a Casan, Moisés esteve em uma solenidade em Criciúma na qual anunciou R$ 30,5 milhões de investimentos, entre os quais na Rodovia Jorge Lacerda, acesso Sul ao município, sem a presença do prefeito. Tempos depois, a questão Casan foi superada e a estatal realizou importantes investimentos no sistema de esgoto na cidade.
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Veio 2020 e a pandemia de Covid-19, que serviu de cenário para mais farpas do prefeito em relação ao governador. Em abril, Salvaro reclamou que “o Estado não ajuda com 1 centavo”, ao mencionar os investimentos feitos em estrutura para combater o coronavírus. Quando reelegeu-se prefeito, em novembro de 2020, Salvaro anunciou que buscaria dialogar com a então governadora interina, Daniela Reinehr, e que ao governador afastado na ocasião “faltou dialogar com deputados, prefeitos e vereadores”.
A situação começou a mudar em 2021. Em agosto, Moisés participou de um evento promovido por Salvaro no qual o prefeito lançou R$ 400 milhões de investimentos, dos quais R$ 80 milhões foram imediatamente cedidos pelo governador. Essa pauta e outras serviram para “quebrar o gelo” e daí começou a aproximação, definida por Salvaro como “muito boa, positiva para os catarinenses de Criciúma”.
O clima é tão amistoso que Salvaro, que chegou a ser cogitado como um pré-candidato do PSDB ao Governo do Estado, já foi mensageiro de uma sondagem a Carlos Moisés, para que ele se abrigasse no ninho tucano para concorrer em outubro.
A possibilidade é remota, já que o PSDB não atende à intenção de Moisés, de contar com uma sigla pequena para coordenar e alojar os seus aliados, e a candidatura à presidência de João Doria não parece empolgar o governador. Não empolga nem Gelson Merisio, o ainda pré-candidato do PSDB na eleição de outubro.
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Enquanto isso, Salvaro continua chamando Moisés de “o mais municipalista”. E o governador está gostando.
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