É pouco provável que uma frente de esquerda se apresente para disputar a eleição de 2022 ao Governo do Estado. Foi a impressão que o ex-deputado federal Fernando Coruja deixou em suas visitas a Araranguá e Forquilhinha, no Sul de Santa Catarina, nos últimos dias. Coruja é o pré-candidato do PDT a governador.
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– Nós temos um projeto nacional, que é a candidatura de Ciro Gomes a presidente, com foco na educação e desenvovimento. Outras forças de esquerda também terão seus nomes para a presidência. Isso dificulta aproximar aqui em uma candidatura – apontou. Coruja referiu-se, nas conversas pelo Sul, ao PT, que apostará no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa do ano que vem. Os discursos andam ácidos entre os presidenciáveis, principalmente do pedetista para o petista, o que torna ainda mais improvável uma aproximação.
A divisão das esquerdas tende a se repetir em Santa Catarina, com a candidatura de Coruja e o PT novamente contando com o ex-deputado federal Décio Lima, que já manifestou intenção em voltar a concorrer. Outros partidos de esquerda e centro-esquerda tiveram candidatos em 2018, casos de Leonel Camasão (PSOL), Rogério Portanova (Rede) e Ingrid Assis (PSTU).
– O Coruja só não será o nosso candidato se não quiser – reforçou o deputado estadual Rodrigo Minotto, que vem acompanhando o pré-candidato do PDT em roteiros pelo estado. A intenção do partido é reproduzir, em nível estadual, o arco de alianças que Ciro Gomes possa liderar na disputa presidencial. – O momento é importante e especial para o nosso partido, que volta a ter um nome em condições de disputar o governo. O Coruja levará um projeto com foco na educação e geração de emprego e renda – destacou Minotto.
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Ex-prefeito da região é filiado
O ex-prefeito Dimas Kammer, que deixou o PP no ano passado, quando encerrou seu mandato em Forquilhinha, filiou-se ao PDT em ato no sábado (17). – Ele chega para reforçar o time, não para ser candidato agora – apontou o deputado Minotto, que tem base eleitoral na cidade.
Kammer exerceu mandato único em Forquilhinha. Não buscou a reeleição e rompeu com o seu partido na época da definição das candidaturas. O PDT tem o atual vice-prefeito da cidade, o ex-vereador Valcir Matias, o Chile.
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No mesmo ato, o partido lançou a pré-candidatura da ex-coordenadora do Procon de Içara, Karoline Calegari, para deputada federal. Na véspera, o vereador Diego Pires, presidente da Câmara de Vereadores de Araranguá, também foi lançado para buscar uma cadeira na Câmara Federal. O PDT anuncia que terá 24 candidatos a federal e 60 a estadual.

As eleições do PDT para governador
O partido entende que a candidatura majoritária irá potencializar as chapas proporcionais, já que o PDT tem um claro objetivo de eleger três deputados estaduais e um federal. – Tivemos um bom rendimento, elegendo dois deputados em 2006, quando tivemos candidato a governador – recordou Minotto. Na ocasião, o ex-deputado Manoel Dias concorreu ao governo pelo PDT, terminando a disputa em quinto lugar entre oito concorrentes com 0,94%, 30,8 mil votos.
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Em 2018 e 2014, o PDT esteve nas coligações lideradas pelo PSD, apoiando Gelson Merisio e Raimundo Colombo, respectivamente. Em 2010 foi vice de Ângela Amin (PP), com Manoel Dias na chapa que terminou em segundo lugar. Em 2002 o PDT não teve candidatos na majoritária, e elegeu apenas um deputado federal. Curiosamente, o eleito foi Fernando Coruja, o hoje pré-candidato a governador, que garantiu cadeira em Brasília com 76 mil votos.

Em 98 o petista Milton Mendes, que terminou a eleição em terceiro lugar, tinha o PDT como vice, com Ricardo Baratieri. Em 94 o partido lançou o ex-senador Nelson Wedekin, que foi último entre quatro com 9,11%, fazendo 199 mil votos. Em 1990, Wedekin saiu-se um pouco melhor: terceiro entre seis candidatos, com 205,9 mil votos, 11,13%. O PDT teve candidatos também em 1982 (Lígia Doutel de Andrade, penúltima entre cinco com 4,7 mil votos, 0,27%) e em 1986 (Acácio Bernardes, último entre cinco com 12 mil votos, 0,67%).
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