Houve épocas em que o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB), esteve às turras com o governador Carlos Moisés (PSL). Eles já divergiram sobre serviços da Casan e, mais recentemente, a respeito das restrições por conta da pandemia de Covid-19.
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— Se o governo impedir, vão à Justiça — era o que Salvaro dizia a empresários da região, há cerca de um ano, quando a briga era por liberação ou não da atuação de determinados segmentos. Salvaro defendia a retomada mais acelerada de comércio, indústrias e transporte coletivo, enquanto Moisés e o Governo do Estado adotavam a cautela.
Em visita ao sul, governador projeta agravamento da pandemia
Foram recorrentes, em contraponto, as visitas de Moisés à região evitando Criciúma. Em algumas ocasiões, o governador chegou a estar em Siderópolis, Cocal do Sul, Araranguá e outros municípios vizinhos, mas tangenciando Criciúma. Eram sinais claros de que havia uma distância, não muito pequena, entre o governador e o prefeito da principal cidade do Sul.
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Em debate, os alunos nas escolas
As posturas opostas foram evidenciadas novamente há poucos dias, com reflexo nesta sexta-feira (21), quando o governador Carlos Moisés cumpre o segundo dia de agenda pela região. Desta vez passando com calma por Criciúma, Moisés já foi cutucado algumas vezes nas últimas horas sobre as aulas presenciais na rede pública de ensino.
Ocorre que há uma semana, em visita a uma central de merenda escolar em Criciúma, o prefeito Salvaro anunciou a um grupo de estudantes e de servidores da Secretaria de Educação que os pais deverão levar seus filhos para as escolas a partir de 1º de junho. — Lugar de criança é na escola. Escola sem criança não tem graça — apontou, garantindo todas as condições de segurança sanitária para alunos, professores e funcionários.
Salvaro aproveita a visita de Moisés para retomar o tema. Nesta sexta, os dois se encontraram em uma emissora de rádio e, em seguida, na Associação Empresarial de Criciúma (Acic). E o prefeito voltou a defender a presença dos alunos em sala de aula com o argumento de que buscará aval para antecipar a vacinação dos professores, prevista pela Secretaria de Saúde do Estado para começar em 31 de maio.

MIlhares de vacinas nas geladeiras
— Criciúma tem capacidade para vacinar 2 mil pessoas por dia. Com a nova etapa da campanha, estamos vacinando 500, 600 a menos, porque o sistema ficou mais lento, por conta da necessidade de comprovação das comorbidades de quem tem menos de 60 anos e busca a vacina — relatou Salvaro.
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— Com isso, estamos com uma sobra de 7 mil vacinas que estão na geladeira, e vacina na geladeira não protege ninguém. Queremos então agilizar a vacinação dos professores para retomar logo as aulas presenciais — apontou.
Esse relato Salvaro fez para o próprio Moisés. O prefeito chegou a calcular que, em Santa Catarina “devem haver mais de 20 mil doses de vacinas em geladeiras esperando as pessoas” por conta da mesma dificuldade que as prefeituras estado afora estão enfrentando para autorizar a imunização da população com comorbidades.

Para Moisés, o ensino híbrido funciona
Em resposta, o governador reforçou a confiança no modelo de vacinação vigente e no sistema híbrido na rede escolar. — O ensino híbrido, como está, está funcionando — defendeu. — Eu visitei todas as nossas 66 escolas, temos 750 salas de aula, e a grande maioria vazia. Tem salas com dois, três alunos, e a maioria nesse modelo remoto, ou com dificuldades para aprender ou fazendo de conta que estão assistindo as aulas — criticou o prefeito.
Mas Moisés não demonstrou qualquer intenção em flexibilizar o modelo de ensino na vigência da pandemia. — A pandemia não está sob controle, temos números preocupantes, com uma nova onda que está chegando aí e deve sobrecarregar de novo os números, temos mais de 20 mil casos ativos. Precisamos sim nos unir para combater essa doença que é da sociedade — salientou Moisés.
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Ainda sobre educação, Moisés confirmou, em evento na noite desta quinta, o repasse de R$ 4,3 milhões em investimentos para a região. São R$ 3,4 milhões para o Centro de Inovação do Bairro da Juventude e os demais valores serão aplicados em infraestrutura de escolas estaduais, como laboratórios de informática, aparelhos de ar condicionado, mobiliário e kits escolares.
Clima de campanha conduz agendas de Moisés no Sul
Governador vai a Brasília
Não chegou a faltar cortesia no diálogo o prefeito e o governador, mas ficou evidente, mais uma vez, a distância dos pensamentos. Salvaro vai insistir na tentativa de ter todos os alunos em sala de aula a partir de junho. Moisés segue defensor do atual sistema. E o governador prometeu ir a Brasília na próxima semana em busca de reforçar a distribuição de vacinas. — Nós acreditamos na ciência, temos que acelerar a vacinação — defendeu.
Ainda nesta sexta, depois de lançar investimentos em segurança pública na região, Carlos Moisés visita obras em rodovias em Criciúma e Forquilhinha e passa por Araranguá, no extremo sul.
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