– Pede um xis -. A máxima é muito criciumense e faz proliferar pela principal cidade do Sul catarinense, bem como na região, o gosto pelo x-salada e, claro, seus irmãos mais variados: os que abusam da carne bovina, ou de frango, ou do queijo, do coração e suas inúmeras versões. – Com maionese caseira, melhor ainda -, reforçam os fãs do lanche, socorro frequente para aquela fome. – E com gostinho – acentuam.

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E essa preferência não escapa nem da rotina do trânsito. Acontece que os congestionamentos são frequentes nos finais de tarde nos domingos na saída de Balneário Rincão. O município (antigo distrito de Içara, da qual emancipou em 2013) tem 15 mil moradores nativos, mas é invadida por criciumenses e sul catarinenses em geral no verão, quando vê sua população multiplicar por 10. Obviamente, as vias não comportam e o trânsito torna-se caótico.

Foi o que aconteceu no primeiro fim de tarde de 2023. Por volta das 18h deste domingo (1) a enorme fila percorria 1,3 mil metros da Avenida Leoberto Leal e tomava mais alguns quilômetros da SC-445, que dá acesso a Içara e Criciúma. A paciência é testada, já que percorrer cada metro naquele caos exige dezenas de minutos. No meio da fila estava um ônibus da Expresso Coletivo Içarense, empresa que liga Rincão aos municípios vizinhos.

– O ônibus estava quase lotado, e parado aqui em frente à minha lanchonete – conta o empresário Anselmo Machado. Não demorou e um passageiro teve a ideia. – Chama o atendente ali, vamos pedir um xis – disse o passageiro para a namorada. Ato contínuo, outros se interessaram. – Recebemos seis pedidos. A casa ainda não estava cheia, mas já tinha bastante gente. Como o ônibus podia arrancar, priorizamos os pedidos deles, fizemos os lanches e em seguida já entregamos. A turma foi comendo dentro do ônibus mesmo – comentou Anselmo, surpreso e ao mesmo tempo aliviado com o atendimento prestado. – Nunca vendi lanche dentro de ônibus em congestionamento – afirmou. O caso viralizou na região ao longo desta segunda-feira (2).

A pressa acabou sendo preventiva. Acontece que, entregues os lanches, os passageiros tiveram tempo de saciar a fome e, ainda assim, o ônibus continuava ali, imóvel, bem como as centenas de carros que os cercavam, para frente e para trás, na fila não vencida. O congestionamento é um dos sinais da forte temporada que Balneário Rincão está vivendo. – Estou há 22 anos no ramo – contou Anselmo, que abriu sua primeira lanchonete em Criciúma, no Bairro Próspera, onde segue operando. – Mas nunca vendi tanto lanche quanto aqui – comemorou. São de 800 a 1 mil unidades vendidas por noite, na loja que comemorou um ano no balneário e abre as portas somente na temporada de verão.

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E o empresário é mais um de tantos a sofrer com a falta de mão de obra. – Se tivesse mais gente para trabalhar, eu contratava – garantiu Anselmo, que emprega 28 pessoas na unidade do Rincão. – Fechamos a unidade de Criciúma para o recesso de fim de ano e alguns funcionários vieram de lá para reforçar o atendimento aqui -. Satisfeito com o resultado da atenção ao congestionamento, ele prometeu reforçar o foco a quem fica nas filas, exemplo que começará a ser seguido por outros. Inclusive por concorrentes.

Mas o que é o “gostinho” citado lá no começo? É uma parte dos ingredientes que cai na chapa durante o preparo e ficam com aquele “gostinho” da mistura tostada, e que são, conforme o gosto do cliente, misturados ao lanche. Outra cultura criciumense disseminada pelo Sul quando o assunto é x-salada.