Afastado do cargo desde o último dia 20, o prefeito de Urussanga, no sul de Santa Catarina, ainda não depôs à Polícia Federal (PF). Luis Gustavo Cancellier (PP) prestaria depoimento nesta terça-feira (1) mas a defesa solicitou um novo adiamento, como já havia requerido em outra ocasião, e obteve êxito.
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Cancellier prestará esclarecimentos sobre a denúncia que motivou a Operação Benedetta, que apura possíveis desvios de recursos da União captados junto à Caixa Econômica Federal para pavimentação de ruas na cidade.
Prefeito de Urussanga, no sul de SC, é afastado do cargo
– O prefeito está tranquilo e muito otimista. E esperamos que ele volte ao cargo em breve – pontua o advogado de Cancellier, Bruno Carminati Cimolin. A defesa ainda não protocolou pedido de volta ao cargo. – Vamos seguir o ritual. Entendemos que é importante, primeiro, que o prefeito preste o seu depoimento à PF – acentua.

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As razões do afastamento
A defesa de Cancellier entende que o afastamento do prefeito se deu por duas razões. – Uma delas, a eventual possibilidade de que pudesse haver coação aos subordinados na prefeitura, e outra seria a hipótese de ocultação de provas – relata Carminati. – Não há qualquer ilícito claro relacionado ao prefeito até aqui. Há uma investigação, e não existem indícios nos autos de que o prefeito estava por destruir provas ou coagindo subordinados – avalia.
Bruno Carminati assumiu o caso faz poucos dias, correspondendo ao período em que houve o acesso aos autos do processo. – A investigação parte de uma denúncia de adversários políticos. A PF tomou ciência dos fatos e instaurou o inquérito. Não há culpados, réus nem condenados, há investigados – pondera o advogado.
Não houve pedido de prisão
Questionado sobre as denúncias, o advogado foi cauteloso. – A linha da defesa vai ser de atuação perante à operação. É na investigação que vamos prestar as informações. Vamos tratar disso tudo dentro dos autos, pelo nível do sigilo da investigação – argumenta Carminati.
Surgiu há poucos dias a informação de que o pedido inicial da Operação Benedetta era de prisão preventiva do prefeito, o que acabou relaxado para afastamento a partir de uma decisão do Tribunal Regional Federal (TRF). Mas o advogado de Cancellier retruca. – Não, desde o princípio o pedido era de afastamento mesmo – minimiza. – Se fosse comparar com uma possibilidade de prisão, que não era o caso, o afastamento nem se torna uma medida gravosa. Mas não havia indícios que justificassem nem necessidade de prisão – considera.
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A denúncia
Na decisão de afastamento, houve ainda a determinação de que Luis Gustavo Cancellier não frequentasse a prefeitura durante as investigações. O mesmo vale para a chefe de gabinete e uma contadora, além de um ex-fiscal, um ex-secretário municipal e um familiar do prefeito. No dia da operação, houve a apreensão do carro da primeira-dama e R$ 80 mil em dinheiro.
A Operação Benedetta apura um possível desvio inicial de R$ 300 mil em uma obra de R$ 1 milhão, na pavimentação de uma via do município. Entre as estratégias utilizadas, estaria a contratação fraudulenta de maquinário que não era efetivamente empregado nas atividades, mas que constava na planilha de custos encaminhada ao cedente dos recursos, no caso, a Caixa Econômica Federal.
Até R$ 15 milhões investigados
O delegado Daniel Reschke preside o inquérito na PF em Criciúma. Ele confirmou que o montante de valores a serem investigados é maior que R$ 1 milhão. – Esse conjunto pode ser maior, de até R$ 15 milhões, conforme os valores contratados pelo município. Estamos verificando se nas demais operações também ocorreram desvios – revela.
A investigação da Operação Benedetta começou em setembro de 2020. Os mandados de busca e apreensão no último dia 20 foram cumpridos não somente em Urussanga, mas também em Criciúma, Siderópolis, Orleans e Tubarão.
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No mesmo dia do afastamento do prefeito Luis Gustavo Cancellier, o vice Jair Nandi (PSD) foi empossado.
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