Faltam exatos 45 dias para a eleição de 2 de outubro. Mesmo o tempo sendo exíguo, a vice Daniela Reinehr (PL) toparia abrir mão da candidatura a deputada federal para assumir em uma eventual licença do governador Carlos Moisés (Republicanos). – O governador nunca me falou a respeito, não me chamaram para conversar, mas a sucessora natural sou eu – aponta.

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Moisés vem tratando nas últimas semanas sobre um possível afastamento para dedicar-se à campanha de busca da reeleição. E a licença seria, também, um gesto ao MDB, que teria a oportunidade de voltar a governar o Estado com o presidente da Assembleia Legislativa (Alesc), deputado Moacir Sopelsa, que não concorrerá a um novo mandato. A cedência da cadeira aos emedebistas fez parte das conversas quando da composição com Udo Döhler para vice na chapa majoritária.

Mas a licença de Moisés ainda é um assunto tratado à boca pequena entre os aliados. Houve emedebistas sondados sobre um evento de posse na Alesc. Outros, do círculo mais próximo ao governador, comentam que “as tratativas continuam, mas nada oficial”. Daniela segue atenta. – Sigo cumprindo agendas de vice-governadora. Se o Estado precisar de mim, eu estou à disposição. Estou a postos -.

Daniela e Moisés nos tempos em que sentavam à mesma mesa, em 2020
Daniela e Moisés nos tempos em que sentavam à mesma mesa, em 2020 (Foto: Ricardo Wolffenbuttel / Secom)

Ela critica ele. E não é pouco

Moisés, naturalmente, não quer Daniela na Agronômica, e a razão fica clara. A vice não pouca o governador. Afinal, faz parte de palanque oposto. – É impressionante a capacidade que o govern.ador tem de ignorar o que está constituído, ele esquece que foi eleito um governador e uma vice-governadora, e esquece da proposta que nos elegeu. Ele me ignora – bate. – Mas essa licença, eu considero especulação até aqui – completa.

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Porém, a vice tem certeza que a tratativa para a licença em prol de Sopelsa existe. – Eu tenho certeza que sim. Nas articulações, ele (Carlos Moisés) é bom. A gente está vendo o que acontece no Estado, o retorno dele ao governo quando cinco desembargadores, a parte legal do processo, condenaram ele, um deputado seguiu os desembargadores e os demais confabularam com o governador – dispara. – Eu só lamento pelo eleitor, é um disparate tão grande com o eleitor, essa nova política que tanto se falava infelizmente foi esquecida pelo governador – emenda.

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“Eu destravei projetos”

Daniela assumiu o governo três vezes no atual mandato. A primeira foi em um período de férias de Moisés entre 6 e 17 de janeiro de 2020. Depois veio o primeiro processo de impeachment e a vice governou Santa Catarina de 26 de outubro a 27 de novembro, ainda em 2020. No segundo processo, voltou a assumir de 30 de março a 7 de maio de 2021.

– Eu assumi o Estado em dois momentos muito difíceis, com crises econômicas e políticas sem precedentes. Na primeira interinidade ninguém queria falar comigo – avalia. – A primeira coisa que eu fiz foi abrir o governo, o governo era fechado, não se comunicava com ninguém. Abri um canal de comunicação com a imprensa e os poderes, era um governo fechado, um ostracismo que ninguém entendia. Esse legado eu consegui deixar para o Estado – critica.

Daniela em um dos julgamentos de impeachment de Moisés na Alesc
Daniela em um dos julgamentos de impeachment de Moisés na Alesc (Foto: Diorgenes Pandini / Diário Catarinense)

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– Eu destravei projetos que estavam parados e não saíam do papel, e dormiam nas gavetas. Eu consegui fazer andar. O terminal de gás da Baía da Babitonga foi um – afirma. A vice argumenta que “resgatou a confiança das pessoas. – O governador é um freio de mão puxado, em vez de conectar com o setor produtivo para facilitar a vida de quem produz para o Estado – diz. – Se olhar o Estado antes e depois das minhas interinidades, está evidente que é outro Estado – completa.

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