Quando os colonizadores italianos, e depois os alemães, chegaram na região de Criciúma, na segunda metade do século 19, precisaram de estradas para trafegar entre as florestas, campinas e matas. Um caminho aberto aqui, outro ali, alguns foram sendo estendidos e passaram a conectar as pequenas colônias que se formaram.

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Um desses caminhos, que serviam aos carros de boi e depois aos primários caminhões e carros antigos, deu origem à Rodovia João Cirimbelli. Tanto quanto antiga, ela foi se tornando esquecida, submetendo as comunidades dos bairros Sangão e Morro Estevão, na zona sul de Criciúma, a uma antiga conexão viária que tornou-se um tormento.

A Estrada da Poeira

De esquecimento em esquecimento, a João Cirimbelli passou a ser chamada de Estrada da Poeira. E dos buracos, muitos buracos. Mas se trata, de algumas décadas para cá, de um braço importante para o tráfego rural e não tão rural, afinal, o caminho conecta as duas principais rodovias de acesso ao Sul e ao Centro de Criciúma, as rodovias Jorge Lacerda e Luiz Rosso.

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Algumas chácaras, sítios e pequenas propriedades foram se estabelecendo nas margens dos quase dois quilômetros da estrada. Gente que sofre nos dias secos, com a poeira que é inclemente, e nos chuvosos, em que a lama toma conta, até disfarça os buracos, mas os revela maiores e múltiplos. – Lavar roupa aqui sempre foi um sufoco. Você lava, estende no varal e o primeiro carro que passa, já levanta aquele poeirão. Se for um caminhão, então, pior ainda – confirma a moradora Agmar Topanotti.

Os buracos da Estrada da Poeira
Os buracos da Estrada da Poeira (Foto: Denis Luciano / NSC Total)

Os caminhões são frequentes por ali. Levam cargas entre os bairros, fazem entregas e se aventuram pelos trechos desnivelados. E tem os ciclistas também. Afinal, para quem mora no Morro Estevão, a estrada é o melhor caminho para o Sangão, e vice-versa. – Tem gente com problemas respiratórios aqui por causa da poeira. E os ciclistas comem uma poeira danada – comenta Agmar.

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Finalmente, uma solução

Mas parece que a agonia da região vai se aproximando do fim. Os moradores observam, com satisfação, o movimento de máquinas que vão levando adiante uma obra na antiga estrada. – Temos visto umas máquinas por aqui, estão mexendo com estaqueamento, topografia e começaram a alargar a estrada em alguns pontos – conta Agmar. 

O investimento foi lançado no último dia 22 de maio, com a assinatura da ordem de serviço para pavimentação da estrada. – Era um sonho de 50 anos que felizmente está se realizando – comemora o prefeito Clésio Salvaro (PSDB), que assinou a autorização para o contrato de R$ 3,4 milhões para asfaltar o trecho de 1,6 quilômetro.

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A estrada é tão precária que, certa vez, um caminhão da prefeitura caiu em um dos buracos dela. Foi em janeiro de 2020, tempos de seca e muita poeira. Um trator do município teve que ser acionado na ocasião para remover o caminhão. 

O caminhão da prefeitura tombado em um buraco da João Cirimbelli
O caminhão da prefeitura tombado em um buraco da João Cirimbelli (Foto: Divulgação)

Em outra ocasião, bem antes, em 2014, moradores improvisaram lombadas e placas, para tentar conter a velocidade de alguns corajosos que, mesmo diante da precariedade da via, insistiam em acelerar. E levantar mais poeira.

Lombada e sinalização improvisadas por moradores em 2014
Lombada e sinalização improvisadas por moradores em 2014 (Foto: Francine Ferreira / Especial)

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Rota dos Romeiros

Os próximos meses ainda serão de obras, e a meta da prefeitura é que em 2021 o novo asfalto já esteja trafegável. Com ele, sairá do papel um outro projeto: de transformar o trecho em uma via com vocação para o turismo religioso. 

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Ocorre que a Rodovia João Cirimbelli chega ao Bairro Morro Estevão e termina em uma rótula na Rodovia Luiz Rosso. Dali por diante, avança pela Rua Pedro Dal Toé (pavimentada recentemente), e que em seguida torna-se ICR-253, já no município de Içara, e leva ao Santuário do Sagrado Coração Misericordioso de Jesus. Trata-se do segundo maior santuário religioso de Santa Catarina, inaugurado em abril de 2017.

Onde acaba o asfalto e começa o chão batido, no Morro Estevão
Onde acaba o asfalto e começa o chão batido, no Morro Estevão (Foto: Denis Luciano / NSC Total)

– Esse projeto da Rota dos Romeiros nos foi apresentado por um pessoal da prefeitura em 2020, quando teve o lançamento da obra de drenagem da estrada – lembra a moradora Agmar. – Eles dizem que vão fazer essa etapa com ciclovias e toda a sinalização e, provavelmente, 15 estações para peregrinos que se deslocam até o santuário – finaliza.

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