À tiracolo, Esperidião Amin tem carregado uma pesquisa interna que, segundo aliados próximos, aponta ele como o mais cotado entre bolsonaristas catarinenses para a eleição ao Governo do Estado. O senador evita comentar publicamente sobre o tal trunfo, mas ele é a pauta número 1 entre os seus seguidores no PP para tentar emplacar a candidatura do ex-governador para a sucessão de Carlos Moisés (Republicanos).

Continua depois da publicidade

> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Entre os mais interessados estão alguns dos atuais, outros ex-deputados e vários que tentam chegar lá em outubro pela legenda. É voz corrente, entre esses aspirantes a deputados estaduais e federais pelo PP, que será fundamental para partido ter o 11 na urna na próxima disputa majoritária.

Em recente visita ao Sul, Amin buscou um rótulo na tradição católica para catalogar seu momento na disputa eleitoral catarinense. Ele recorreu a São Tomé, o chamado santo que precisa “ver para crer”, para contar que, agora sim, acredita na sua candidatura. – Alguns acreditam que eu sou candidato, outros ainda não acreditam. Como eu nasci no Dia de São Tomé, eu também custei a acreditar, mas agora eu acredito -.

> SC volta a ter pacientes à espera de leito de UTI em hospitais

Continua depois da publicidade

“Já fui mordido pela mosca”

Na passagem por Nova Veneza na Festa da Gastronomia Típica Italiana, no último dia 17, Amin demonstrou desenvoltura de candidato. – Sim, eu estou em pré-campanha e a decisão será do meu partido. Nós temos um partido democrático, um partido com raízes – sublinhou. – Mas eu já fui mordido pela mosca. Topo a parada – completou.

Mas Amin precisa convencer a base progressista. Uma das principais lideranças do partido no Sul, o prefeito Joares Ponticelli, de Tubarão, foi convidado para coordenar a campanha de Carlos Moisés à reeleição na região. E já avisou que vai topar a missão. – Não mudo de posição. Estarei com o governador por gratidão e reconhecimento – pontuou Ponticelli, que tinha ambição de uma candidatura majoritária pelo PP, mas não encontrou espaço. Ele concorreu a vice-governador em 2014 na chapa encabeçada por Paulo Bauer (PSDB) que perdeu a disputa na reeleição de Raimundo Colombo (PSD).

Ponticelli no dia que recebeu o convite de Moisés, na semana passada, ladeado por Clésio Salvaro (PSDB) e Luiz Fernando Vampiro (MDB)
Ponticelli no dia que recebeu o convite de Moisés, na semana passada, ladeado por Clésio Salvaro (PSDB) e Luiz Fernando Vampiro (MDB) (Foto: Divulgação)

O presidente da Associação dos Municípios da Região de Laguna (Amurel) também é do PP e já anunciou apoio para Moisés. – Depois de tudo o que o governador Moisés está fazendo pelo Sul não podemos virar as costas para ele – anunciou Agnaldo Filippi, prefeito de Pedras Grandes, cidade de 4 mil habitantes e distante 26 quilômetros de Tubarão. Outro prefeito progressista do Sul que já anunciou apoio para Moisés foi Valmir Rodrigues, de Passo de Torres.  

– Vamos testar na convenção. Eu não tenho nada contra quem duvidar, mas eu creio que o melhor caminho para o meu partido e para Santa Catarina é topar a parada – respondeu Amin, quando indagado sobre os apoios de lideranças do PP a Carlos Moisés.

Continua depois da publicidade

Outro nome do Sul que pesa contra a intenção de Amin e a favor do atual governador é o deputado José Milton Scheffer, líder do governo na Alesc. Scheffer foi o mais votado do PP entre os três eleitos para deputado estadual em 2018, com 39 mil votos, tem base na região de Sombrio (onde foi prefeito) e vem sendo um fiel aliado de Moisés. Mas, sempre que questionado, garante que demonstrará fidelidade à posição do partido.

Scheffer em evento que lançou obras do Estado em Pedras Grandes, no Sul
Scheffer em evento que lançou obras do Estado em Pedras Grandes, no Sul (Foto: Peterson Paul / Secom)

> Pastor ligado a Bolsonaro e ex-MEC estiveram em 10 dias no mesmo hotel

O pix do Moisés

Um fator que vem pesando na postura de muitos prefeitos, não somente do PP, de aderir à campanha de Carlos Moisés é a farta distribuição de recursos que o atual governador vem proporcionando. Críticos observam que “as adesões vão persistir enquanto o ‘pix do Moisés continuar’ mas que perderão força depois”. Amin não quer entrar nessa discussão.

– Eu não gosto de falar disso, os prefeitos estão desempenhando o seu papel, procurando recursos. A pujança de Santa Catarina não foi construída ontem nem anteontem. Foi construída pelo nosso povo – observou. – É importante que os prefeitos tenham ajuda, mas o voto é outra coisa, o voto implica confiança no futuro – completou.

Continua depois da publicidade

Amin em visita a Moisés em junho do ano passado na Agronômica
Amin em visita a Moisés em junho do ano passado na Agronômica (Foto: Divulgação)

> Suspeito de roubar empresa morre após confronto com a PM

Amin “namora” tucanos do Sul

Não é de hoje que o senador mantém boa relação com o prefeito Clésio Salvaro (PSDB). São amigos de muitos anos. Já estiveram juntos em empreitadas eleitorais. Amin e o PP deram o vice a Salvaro nas duas primeiras eleições por ele vencidas para prefeito de Criciúma (o empresário Márcio Búrigo, em 2008 e 2012). 

A primeira eleição da deputada federal Geovania de Sá, em 2014, também teve íntima relação com as afinidades entre Amin e Salvaro. O hoje senador foi o mais votado à Câmara com 229,6 mil votos e, na legenda da coligação, puxou a tucana Geovania, com seus 52,7 mil votos. Ela havia sido, antes disso, secretária de Salvaro e vereadora em Criciúma. Hoje, é uma das principais lideranças tucanas de Santa Catarina.

Salvaro coordena as tratativas do PSDB para as eleições de outubro. E já recebeu sinalizações de simpatia das mais diversas de Amin, que gostaria de ter um tucano na chapa. Geovania para o Senado seria uma possibilidade, embora a deputada encontre-se mais inclinada em buscar o terceiro mandato na Câmara.

Continua depois da publicidade

Agnaldo Filippi, prefeito do PP em Pedras Grandes, anunciou apoio a Moisés
Agnaldo Filippi, prefeito do PP em Pedras Grandes, anunciou apoio a Moisés (Foto: Peterson Paul / Secom)

– Faz parte do namoro – reconheceu Amin, quando questionado sobre um tucano na sua chapa. – A decisão, se houver parceria, será do PSDB. Aqui tem uma tucanada forte – arrematou, referindo-se ao PSDB do Sul.

Leia também:

> Brasil tem 17 casos confirmados para a varíola dos macacos

> Moradores de Florianópolis terão descontos em serviços turísticos na região

> “Nosso plano é ter 50% do faturamento em dólar”, diz presidente do Grupo Portobello