Centenas de tubaronenses reviveram, na primeira semana de maio, a maior agonia da cidade de 106 mil habitantes no Sul de Santa Catarina. As fortes chuvas que tiraram mais de 700 pessoas de suas casas mexeram com a memória de 1974, quando Tubarão perdeu ao menos 199 moradores mortos pela enxurrada. Desde então, nessas quase cinco décadas, a relação da cidade com alagamentos é traumática.
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– Infelizmente, a gestão não é da prevenção da crise, mas só da crise. E isso a cada chuva forte – lamenta Agnaldo Filippi, prefeito de Pedras Grandes, cidade vizinha a Tubarão, e presidente da Associação dos Municípios da Região de Laguna (Amurel). Ele levará a uma reunião do Comitê da Bacia do Rio Tubarão nesta terça-feira (20) a proposta que defende há mais de duas décadas.
– Somente desassorear o Rio Tubarão não vai resolver o problema. Precisamos de canais e comportas – aponta. – O rio tem limites, como a sua foz que é estreita. E quando a maré está alta no oceano, essa água volta toda pelo mesmo rio – lembra o prefeito. – Há mais de 20 anos apresentamos uma ideia que, seguimos acreditando, é a mais viável – defende.
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Filippi propõe a construção de um canal extravasor a partir de um ponto no Rio Tubarão, na altura do Bairro Passagem, passando por áreas rurais dos municípios de Capivari de Baixo e Pescaria Brava até desaguar na Lagoa de Santo Antônio. – Seria uma grande vala. O terreno é de fácil manejo, não requer intervenções complexas – salienta. Essa lagoa tem margens nos municípios de Pescaria Brava, Imaruí e Laguna e compreende o maior complexo lagunar de Santa Catarina, com 183 km². – Pela sua extensão, ela teria um impacto de no máximo 20 centímetros a mais de lâmina d´água em dias de chuvas muito volumosas na região de Tubarão – calcula.
Mas há uma segunda etapa audaciosa na proposta do presidente da Amurel: usar a antiga ponte de Laguna, a chamada ponte de Laranjeiras, como uma represa. – Sim, instalaríamos ali comportas que compreendam os 19 metros de profundidade do canal e elas seriam abertas e fechadas de forma a regular a quantidade de água na parte norte da lagoa, em relação à parte sul – aprofunda. É a parte sul da lagoa de Santo Antônio que se conecta ao Oceano Atlântico pelos molhes de Laguna. – Essas comportas seriam hidráulicas, nada muito complexo, e capazes de controlar o nível das águas na lagoa afim de evitar cheias – frisa.

Como alternativas complementares, Filippi defende a construção de piscinões no entorno do Rio Tubarão e de outro canal extravasor menor no sentido Sul de Tubarão, na altura da lagoa do Camacho, em Jaguaruna.
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A outra proposta em discussão no Comitê da Bacia do Rio Tubarão é a construção de barragens na região. – Esse é um projeto feito pelo antigo DNOS no começo dos anos 80. Hoje é inviável e teria um enorme impacto nas cidades da região – sublinha Filippi. Ele relata que, pela ideia do extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento, uma grande barragem teria sido feita no Rio Tubarão na localização da atual Pedras Grandes, onde o próprio Filippi é o prefeito atualmente. – Nem Pedras Grandes, nem localidades vizinhas existiriam – reforça.
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E o custo disso tudo? – Certamente que fazer canais extravasores e comportas hidráulicas será muito mais barato que barragens – aposta Filippi. Enquanto isso, o presidente da Amurel sugere acréscimo de prevenção com informação. Ele tem feito contatos para conseguir o apoio do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). – Seria muito importante contar com um sistema eficiente desse para monitorar a região – finaliza.
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