Na foto acima, está a Rua João Custódio Sebastião. À direita, o Bairro Barra Velha, em Balneário Rincão. À esquerda, o Balneário Barra Velha, em Araranguá. E no meio dessa confusão de uma comunidade dividida pela geografia no Sul catarinense, alguns clamores.
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As maiores agonias dos rinconenses e araranguaenses que reúnem-se na conurbada Barra Velha referem-se ao trânsito e transporte. O uso da orla como caminho para carros, que aceleram entre banhistas, é uma aflição constante. Enquanto isso, a carência de ônibus para ligar a comunidade às suas sedes persiste.
A Barra Velha está a 15 quilômetros do Centro de Balneário Rincão, todo o caminho por asfalto. Com Araranguá o problema é maior. São 27 quilômetros de distância, em um trajeto com estradas de chão e até uma balsa.

Já houve movimentos para que toda a comunidade seja anexada ao Balneário Rincão. O prefeito Jairo Custódio (MDB) demonstrou a intenção de anexar os 40% da região que pertencem a Araranguá, mas faltou aval do outro lado.
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– Não abrimos mão da nossa parte da Barra Velha. É território nosso e estamos trabalhando ali. Recentemente, colocamos máquinas durante uma semana para patrolar ruas, um serviço que não era feito há anos – argumenta o prefeito César Cesa (MDB), de Araranguá.

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O lado araranguaense da Barra Velha não tem pavimentação. Já no lado rinconense, a Rua Balneário Barra Velha, a principal da comunidade, estendeu-se com pavimento de lajotas até o limite com o vizinho município. Dali em diante, a partir de uma lombada, segue como estrada de chão.
A linha imaginária que separa os municípios corta ao meio as casas e afeta vizinhos também nas ruas Antônio Sebastião Lemos, Jovino Manoel Antônio e Antônio Manoel do Nascimento. São comuns os casos de moradores que estão na sala no Balneário Rincão e, ao sair para o pátio da casa, já pisam em Araranguá.
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Na praia, o problema
A prefeitura de Balneário Rincão tentou minimizar o problema do tráfego na orla. Colocou placas indicando a proibição e cravou troncos de árvore no chão, criando barreiras para os carros e sinalizando o espaço dos banhistas.
– Essa aqui é mais uma placa. É preciso fiscalizar. Falei com o guarda-vidas, ele disse que não é responsabilidade deles. A responsabilidade é da PM – comentou o veranista Valdir Vicente, que reside em Porto Alegre e há 40 anos deixa a capital gaúcha nessa época para descansar no litoral Sul catarinense. – Isso virou uma bagunça, colocando em risco a vida do veranista. Vão esperara que alguém morra atropelado? – questionou. A PM tem aparecido nos últimos dias e algumas multas foram aplicadas.
Sobre as barreiras, com os paus cravados no chão, aconteceu algo inesperado. Alguém, munido de uma serra elétrica, cortou as madeiras, abrindo de novo o caminho para os carros na beira-mar da Barra Velha.
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– O prefeito recolocou os paus para sinalizar aqui, mas depois tiraram. Pedimos consciência a quem tem carro. Estamos tendo muitos problemas aqui – assinalou Marcos Forcy, morador da comunidade. – Não deveriam estar passando carros aqui. Não é permitido lá no Rincão e gostaríamos que não fosse permitido aqui também – completou.
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No transporte coletivo, faltam ônibus
– Só existe um horário da Barra Velha até Criciúma. E um horário diário de volta também. É muito pouco – reclamou Rúbia da Rocha, que reside na comunidade. – Tem pais de família que trabalham em Criciúma e precisam ficar a semana inteira na cidade, e só voltam pra cá no fim de semana por falta de ônibus – destacou. – Para piorar, nos domingos só tem um horário – reforçou.
Um grupo de moradores reuniu-se nesta sexta-feira (21) com representantes da empresa Içarense, responsável pelas linhas de ônibus no Balneário Rincão.

– Vamos conseguir novos horários. Tiraram por causa da pandemia, havia poucos usuários. Eles se comprometeram em retomar o serviço, mas para isso precisamos que a comunidade use mais os ônibus – revelou Marcos Forcy. – Vamos colocar placas no comércio e nas ruas na Barra Velha pedindo que as pessoas usem o transporte – completou.
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E o futuro da Barra Velha
A despeito dos eventuais problemas com transporte coletivo e o tráfego na orla, Barra Velha é uma comunidade tranquila. São cerca de 1,2 mil moradores. – Quase não temos eleitores de Araranguá lá. A maioria é do Rincão, há alguns de Criciúma e Içara também. Mesmo assim, continuamos dando assistência – reforçou o prefeito Cesa.
A ligação de Araranguá com a comunidade vai melhorar com a obra que está em andamento. O Governo do Estado vem executando a construção da ponte sobre o Rio Araranguá, que fará a ligação entre o distrito de Hercílio Luz e o balneário de Morro dos Conventos, passando pela comunidade de Ilhas. Os acessos ao ponto do Rio Araranguá, que até então era atravessado por balsa, também estão sendo pavimentados. – Com isso, criaremos um novo eixo turístico que vai integrar a Barra Velha a Araranguá – apontou o prefeito Cesa.

Esse trecho em obras compõe parte da futura SC-100, a Rodovia Caminhos do Mar, que visa integrar todo o litoral Sul, de Passo de Torres a Laguna. Alguns trechos já existem, como a parte que liga Barra Velha a Balneário Rincão em direção a Jaguaruna. É a essa extensão que a rodovia em execução em Araranguá será conectada. – A vida vai melhorar na Barra Velha – garantiu o prefeito de Araranguá. É a expectativa dos araranguaenses e rinconenses que dividem a comunidade.
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