Que os furtos de fios das redes de energia elétrica estão na rotina, isso não é novidade. – Se não todo dia, mas toda semana é certeiro que temos algum caso por aqui – confirma o gerente da Divisão Técnica da Celesc em Criciúma, Zulnei Casagrande. O mais recente caso registrado na cidade chamou a atenção pela ousadia dos criminosos.
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Por volta das 6h desta quarta-feira (21), dois homens atacaram a rede elétrica que abastece a unidade de saúde do Bairro Nossa Senhora da Salete, na rua Dionizio Milioli. – A gente se impressiona com a habilidade deles, de manusear com a rede energizada. E nesse caso com a falta de respeito também. E se tiver alguma dose de vacina por exemplo naquele posto? É um prejuízo incalculável – aponta Casagrande.
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De fato. Com a falta de vacinas contra a Covid-19 para primeira dose, a imunização desacelerou nas últimas horas em Criciúma. Mas há vacinas disponíveis para a segunda dose. A Secretaria de Saúde confirma, porém, que não houve perdas nesse caso. – Não, pois nossas câmaras frias possuem sistema de segurança com baterias que duram 48 horas – informa o coordenador da Vigilância Sanitária em Criciúma, Samuel Bucco.
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Até 200 metros por furto
A Celesc não tem um levantamento preciso do tamanho do prejuízo que tem sofrido com a ação dos bandidos em Criciúma. Em média, os bandidos levam de 30 a 40 quilos de material por ação, de 100 a 200 metros de fios. Os fios chamam a atenção pois o cobre e o alumínio, metais presentes nesses materiais, possuem bom valor de mercado. – Isso traz muito prejuízo. A empresa é robusta, tem envergadura para arcar com esses custos, mas o prejuízo é econômico e social – aponta Casagrande.
– Tem casos que eles levam até os transformadores – detalha. Em regiões de irrigação de lavouras de arroz, e são várias nos municípios do Sul, os bandidos também agem. – E nelas, por serem áreas rurais, com menor movimento, eles vão além, levam equipamentos além dos fios – sublinha. Em Criciúma está havendo o investimento em uma ampliação de rede, com uma nova subestação perto do limite com Forquilhinha. – É uma rede que abastecerá a região do Bairro Santa Luzia, que é grande. Estamos fazendo um investimento alto e não conseguimos acabar pois lançamos os cabos, vira a noite e no outro dia eles já levaram os cabos. Não dá tempo de terminar – relata.
Tentaram levar um equipamento de 300 quilos
Outra tentativa recente dos bandidos foi no Morro do Caravaggio, entre Criciúma e Nova Veneza. – Dali, eles tentaram levar um regulador de tensão, equipamento de mais de 300 quilos. Eles não conseguiram, mas tentaram – conta o gerente. – O que estamos fazendo para mitigar é o lançamento de redes com cabos compactos, são redes isoladas, isso ajuda bastante, e nas redes de alta tensão a utilização de redes isoladas, de difícil manuseio – observa. Mesmo assim, os criminosos seguem agindo.
– O prejuízo já é incalculável, e é algo que se repete pelo Estado – comenta Casagrande. Ele cita as regiões de Florianópolis e Itajaí como as que apresentam mais ocorrências, a exemplo de Criciúma.
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– A polícia tem feito um bom trabalho, mas a legislação tem que apertar um pouco mais, a circulação com esse tipo de material deveria ser mais cercada, mais rígida. A comercialização, quem compra e quem entrega, criar formas de registro, identificação de origem, colocar mais barreiras – sugere o gerente.

– Na região de Itajaí os criminosos estavam criando fardos de cabos, compactados, para a venda. Era algo bem profissionalizado. É impressionante o nível de organização que fica o material para transporte – finaliza.
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